Vacinação com AstraZeneca regressa segunda-feira. E se alguém recusar?
A administração da vacina da Astra Zeneca vai ser retomada a partir de segunda-feira. "Vamos retomar o plano acelerando e recuperando o atraso que foi feito pelo facto de termos este quatro ou cinco dias parados", segundo o coordenador da task-force para a vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo.
O anúncio foi feito numa conferência de Imprensa conjunta da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, o presidente do Infarmed, Rui Ivo, e o coordenador da task-force para a vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo.
Henrique Gouveia e Melo revelou que "perto de 120 mil pessoas que viram a vacinação adiada uma semana" com a suspensão, mas que uma semana chega para retomar o plano. E anunciou que estava prevista a entrega cerca de 4,4 milhões de vacinas do conglomerado farmacêutico anglo-sueco para o segundo trimestre: "Foram reduzidas para 1,5 milhões de vacinas para o segundo trimestre. Os planos já estão adaptados para essas quantidades."
Já o presidente do Infarmed, Rui Ivo, garantiu que "os benefícios da vacina [da AstraZeneca] são claramente superiores a quaisquer riscos".
Durante a conferência de imprensa, uma das perguntas dos jornalista foi para a hipótese de alguém recusar ser vacinado com a vacina da AstraZeneca. Recebe outra ou fica por vacinar?
A pergunta ficou sem resposta. Ou melhor, teve resposta diplomática e pouco esclarecedora. A diretora-geral da saúde apelou aos portugueses que não recusem a vacina "seja qual for a marca", pois, se está "no mercado, é porque ela dá garantias".
Questionada se os cidadãos podem escolher outro fabricante, Graça Freitas, disse que "é uma hipótese que as pessoas não devem colocar", pois, a "alternativa é ficarem desprotegidos de uma doença grave que pode ser letal".
A decisão das autoridades portuguesas de voltar a administrar a vacina da AstraZeneca acontece horas depois da Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter assegurado que a vacina contra a covid-19 do conglomerado farmacêutico anglo-sueco "é segura e eficaz", não estando associada aos casos de coágulos sanguíneos detetados, que levaram à suspensão do seu uso, por 21 países, incluindo Portugal.
Durou assim apenas três dias a suspensão decretada na segunda-feira e que deixou 80 mil portugueses à espera da imunização e muitos outros receosos. Na altura, as autoridades de saúde portuguesas justificaram a medida como sendo preventiva e depois de vários países europeus também terem suspendido a administração devido a relatos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
Dos 21 países que decidiram suspender a vacinação - Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, França, Noruega, Áustria, Roménia, Estónia, Países Baixos, Islândia, Lituânia, Letónia, Bulgária, Luxemburgo, Chipre, Irlanda, Dinamarca, Suécia, Indonésia e Venezuela - pelo menos quatro já decidiram retomar o processo. Casos de Itália, França, Letónia e Lituânia.
Na mesma conferência de imprensa foi avançado que professores e funcionários das escolas vão começar a ser vacinados a 27 e 28 de março, segundo o coordenador da task-force, Henrique Gouveia e Melo.
"As escolas estão a ser o setor que está a desconfinar primeiro e, numa tentativa de proteger a comunidade escolar, serão também vacinados professores em paralelo com as pessoas que têm comorbilidades, com a expectativa de que no início da próximo mês vamos ter vacinas de outras marcas para continuar o esforço de vacinação", indicou Graça Freitas.
Já Melo Gouveira escalreceu que Portugal "não tem reservas estratégicas", mas tem reservas para as segundas doses:"O que nós fazemos é: todas as vacinas que chegam são administradas imediatamente para antecipar a proteção de todos os portugueses. As reservas que temos são de segundas doses e essas nunca poderemos comprometer."