Urgências. Falta de capacidade da linha SNS 24 impede alargamento do programa 'ligue antes, salve vidas'
FOTO: Artur Machado

Urgências. Falta de capacidade da linha SNS 24 impede alargamento do programa 'ligue antes, salve vidas'

Álvaro Almeida, diretor executivo do SNS, revelou que a implementação do programa parou quando foram atingidas as 27 Unidades Locais de Saúde.
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O programa “ligue antes, salve vidas”, para reduzir a pressão nas urgências, ainda não foi implementado em todas as unidades locais de saúde por falta de capacidade da linha SNS 24, reconheceu esta quarta-feira, 10 de dezembro, o diretor executivo do SNS.

Numa audição na comissão parlamentar de Saúde, a pedido da bancada do PS, Álvaro Almeida adiantou que o programa está em vigor em 27 das 39 unidades locais de saúde (ULS), o número que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) consideraram que a linha tinha capacidade de suportar.

Quando atingiu as 27 ULS, “foi entendido por parte dos SPMS e compreendido pela Direção Executiva que não haveria capacidade para continuar a alargar o programa”, admitiu o responsável pela entidade que gere a rede das unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Aos deputados, Álvaro Almeida referiu ainda que a Direção Executiva gostaria de poder alargar o “ligue antes, salve vidas” a todo o país, considerando que a medida ajuda a uma melhor utilização dos cuidados de saúde, mas “dificuldades operacionais obrigam” a manter o programa as 27 ULS.

O programa, que começou como projeto-piloto na ULS Póvoa do Varzim-Vila do Conde e que foi alargado gradualmente às outras ULS, tem permitido “aliviar significativamente o funcionamento” das urgências hospitalares, através da orientação dos utentes para o nível de cuidados mais adequado, salientou.

Diretor do SNS desconhece estudos que provem que o modelo de ULS é superior ao anterior

O diretor executivo do SNS afirmou ainda desconhecer qualquer estudo que demonstre que a solução das unidades locais de saúde (ULS) seja superior ao modelo de funcionamento que existia antes de 2024.

“Do meu conhecimento, de todos esses estudos não há nenhum que demonstre que o modelo ULS seja superior ao modelo que tínhamos antes. Não conheço nenhum estudo que justificasse que, de um momento para o outro, se adotasse este modelo de ULS em todo o país”, referiu Álvaro Almeida.

No início de 2024, no âmbito de um novo modelo de organização do Serviço Nacional de Saúde (SNS), foram criadas 31 ULS, que se juntaram às oito já existentes, passando os cuidados primários (centros de saúde) e os cuidados hospitalares a estarem integrados numa única entidade por área geográfica, com o objetivo de facilitar o percurso dos utentes no sistema.

Álvaro Almeida salientou ser um “estudioso destas questões” da organização do sistema de saúde há muitos anos, ainda antes de ser diretor executivo do SNS.

“Eu próprio fiz, em ambiente académico, vários estudos e orientei outros estudos sobre ULS”, referiu o responsável pela entidade que gere a rede de unidades do SNS, para quem Portugal tem, ao nível da saúde, “regiões muito diferentes, com necessidades diferentes e com respostas diferentes”.

“Aplicar o mesmo modelo a todas é uma fórmula de insucesso”, realçou Álvaro Almeida, para quem não se pode aplicar as mesmas soluções em todas as regiões, “precisamente porque as necessidades são diferentes, as realidades são diferentes”, o que obriga a ter “soluções adaptáveis a cada caso”.

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