Universidades e politécnicos querem que exames nacionais tenham menos peso no acesso ao ensino superior
FOTO: Reinaldo Rodrigues

Universidades e politécnicos querem que exames nacionais tenham menos peso no acesso ao ensino superior

Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos dizem que modelo de acesso está na génese da redução do número de candidatos.
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As universidades e politécnicos identificaram o modelo de acesso como uma das principais causas para a redução do número de jovens que se candidataram ao ensino superior este ano comparativamente a 2024 – menos 9 mil (15%).

"O CRUP [Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas] tinha alertado quanto às alterações ao modelo de acesso, porque podiam resultar numa redução significativa do número de candidaturas. É evidente que não haverá só uma causa. Mas nem o alojamento, nem a demografia podem explicar esta quebra, já que o número de estudantes a frequentar o 11º e o 12º anos não sofreu variações proporcionais. É o modelo de acesso que carece de reanálise", disse o presidente do CRUP, Paulo Jorge Ferreira, ao Expresso.

Também ao Expresso a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, afirmou que as “alterações ao modelo de acesso que entraram em vigor este ano” são a principal causa para a redução do número de candidatos.

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Menos de 50 mil alunos candidataram-se à 1.º fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, um valor muito abaixo ao registado nos últimos anos e só comparado a 2018.

O prazo de candidatura à 1.º fase do concurso terminou esta segunda-feira e, segundo dados da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), houve 49.595 candidatos, menos 9.046 do que no ano passado.

A tendência de diminuição de candidatos já se vinha registando há alguns anos, mas de forma quase inexpressiva: Em 2020 cerca de 62 mil alunos tentaram entrar no ensino superior na 1.º fase e nos dois anos seguintes as candidaturas continuaram a rondar sempre os 60 mil.

Os dados da DGES mostram que este ano o número de candidatos desceu para valores próximos dos registados em 2018, quando também apenas 49.362 alunos se candidataram na 1.ª fase.

Em 2020, ano de pandemia de covid-19 que levou a uma mudança temporária das regras de acesso ao ensino superior, dispararam as candidaturas.

De forma gradual, nos últimos anos, algumas das regras foram sendo repostas, como a obrigatoriedade de realizar vários exames nacionais.

As associações de estudantes têm alertado que a falta de alojamento a custos acessíveis e as dificuldades financeiras das famílias para suportar um filho a estudar longe de casa pode contribuir para afastar os jovens do Ensino Superior.

Por outro lado, este ano, há mais de 55 mil vagas no regime geral de acesso do ensino público, às quais se somam outras 717 vagas para os concursos locais, como os cursos artísticos que exigem pré-requisitos à entrada.

A estas vagas, juntam-se outras 21 mil que são abertas nos regimes e concursos especiais, como é o caso dos maiores de 23 anos ou mudanças de curso. No privado, existem perto de 25 mil lugares disponíveis.

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