O presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT) considerou, esta quarta-feira, que o secretário de Estado dos Transportes, José Mendes, é "o problema" no diferendo que opõe taxistas às novas plataformas de mobilidade como a Uber e a Cabify.."O secretário de Estado é o problema. É como uma tábua: não abre, não cede, para se encontrar uma solução. Ele já tomou uma posição, está ao lado da Uber", afirmou Carlos Ramos..O presidente da FPT falava na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde foi hoje prestar esclarecimentos sobre as novas plataformas de mobilidade..Questionado pelos deputados sobre os motivos que levaram a FPT a não assinar as recomendações que saíram do grupo de trabalho criado pelo Governo para analisar a questão das novas plataformas, Carlos Ramos explicou que aquela estrutura "nunca teve vontade de discutir as propostas das associações" dos táxis e que o seu objetivo era o de "fragilizar e dividir as associações".."O grupo de trabalho resume o pensamento que o secretário de Estado sempre teve em relação a esta matéria", acrescentou..Reafirmando que "nunca esteve contra a existência das plataformas", até porque o "setor do táxi já tem seis, pelo que não é a existência de novas que os assusta", o dirigente disse que "está é contra a forma como o Governo as quer legitimar".."O ministro [do Ambiente] disse que o que se exige ao setor do táxi tem de ser exigido aos outros e é isso que nós queremos", frisou.."Existem mil viaturas a mais no setor do táxi em Lisboa. Que seja autorizado que se descaracterizem essas mil e que possam ser chamadas a prestar serviço para as plataformas, de acordo com regras das plataformas. A resposta do grupo de trabalho foi que não faz sentido", disse aos deputados..A FPT sugeriu também que fosse adotado o modelo da Holanda, onde os táxis são todos descaracterizados e tanto prestam serviço para as plataformas como para as empresas de táxi, mas "também disseram que não"..Carlos Ramos voltou então a acusar o Executivo, afirmando que "o Governo deve defender ideias, não empresas, e há uma defesa enorme desta empresa [Uber]"..Defendendo as suas propostas, reafirmou na comissão que "era importante descaracterizar táxis e passá-los para as plataformas" porque os "contingentes são suficientes"..O dirigente apelou, ainda, a um debate sobre este problema e a sua solução, mas defendeu que "até lá é preciso parar com estas viaturas"..Lamentando que em Portugal "não se penaliza em está ilegal", o presidente da FPT alertou os deputados que durante o verão o turismo "deu trabalho para todos, legais e ilegais", mas a partir deste mês a situação vai piorar.."Vai haver menos trabalho, agora os carros da Uber já param nas praças de táxi, a polícia não intervém e não está a ser fácil segurar os nossos associados. É preciso que a administração pública dê uma resposta rápida a este problema antes que extravase", frisou.