Portugal tinha, em 2023, 1,8 milhões de pessoas a viver em famílias com rendimento inferior a 632 euros mensais per capita. E os idosos eram o grupo etário em que a taxa de risco de pobreza mais aumentou, passando de 17,1%, em 2022, para 21,1% em 2023.Estes dados fazem parte do retrato da pobreza em Portugal que a Pordata [base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS)] divulga esta sexta-feira, 17 de outubro, para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.Segundo o documento da FFMS, a taxa de risco de pobreza no país, de acordo com os dados do ano passado, era de 16,6%, registando-se uma ligeira quebra em relação a 2022.De acordo com o retrato efetuado pela FFMS, recorrendo aos números do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, em 2023, “um em cada cinco idosos ou vive sozinho e tem um rendimento bruto inferior a 632 euros ou vive num agregado familiar pobre”.As famílias monoparentais com crianças continuam a ser as mais vulneráveis (quase uma em cada três vive com menos de 532 euros per capita [neste contexto significa por “adulto equivalente, num calculo em que o peso de adultos e crianças são diferentes]). Uma das constatações do estudo é que as pessoas que vivem sozinhas registam um agravamento da taxa de risco de pobreza quase quatro por cento (de 24,9% em 2022 para 28,6% em 2023), “uma subida só superada pela das famílias compostas por dois adultos com três ou mais crianças”.Outro dos dados referidos pela FFMS é que a população desempregada é a que regista maior incidência de pobreza, com “44% dos desempregados a viverem em agregados com rendimentos abaixo do limiar. Já os reformados viram aumentar a taxa de risco de pobreza de 15,4% em 2022 para 19,6% em 2023”.Metade das famílias registaram uma melhoria no rendimento mensal per capita, apesar de esse valor ser inferior a 1054 euros, mais 14% que em 2009, considerando o efeito da inflação. Em 2023, cada contribuinte em Portugal declarou, em média, em rendimento bruto mensal de 1155 euros, depois de descontado o IRS. A Grande Lisboa lidera a tabela dos rendimentos médios mensais mais elevados (1375 euros), enquanto, em 2023, o Tâmega e Sousa registou o valor mais baixo (883 euros).