O líder do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) disse esta quarta-feira que o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a legalidade das greves "é uma mão cheia de nada para o Ministério da Educação" (ME)..André Pestana falava aos jornalistas no final da primeira reunião da quinta ronda negocial, no Ministério da Educação, em Lisboa, entre Governo e sindicatos sobre o novo modelo de recrutamento e colocação de professores..Segundo o dirigente, o parecer da PGR, pedido pelo ME, "é uma mão cheia de nada para o Ministério de Educação", que "truncou informação"..Pestana extraiu do parecer, que "o departamento jurídico" do sindicato "está a analisar", que a greve convocada pelo STOP não é abusiva e que "não há factos para dizer que é ilegal".."O direito à greve é um direito individual", vincou, sustentando que "um trabalhador que inicie a greve pode mudar de ideias e voltar ao trabalho"..André Pestana referiu que, na sequência do parecer da PGR, a direção do STOP vai reunir-se, equacionando a convocação de uma conferência de imprensa para quinta-feira para divulgar com mais detalhe a apreciação que o sindicato faz do documento..O ME pediu, em janeiro, um parecer à PGR sobre a legalidade das greves convocadas pelo STOP e pelo Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE)..A greve do STOP começou no início de dezembro, estando ainda a decorrer, tendo o sindicato apresentado pré-avisos até 10 de março. Já a greve do SIPE, ao primeiro tempo de aulas, começou em janeiro e já terminou..Em comunicado divulgado esta quarta-feira, o ME avançou que a PGR considerou haver uma divergência entre os pré-avisos de greve entregues ao ministério e a informação dada aos professores pelo STOP..Segundo o ministério, o parecer aponta para uma "divergência entre os avisos prévios de greve enviados ao Ministério da Educação, que referiam que a greve corresponderia à jornada diária de trabalho", e a informação dada aos docentes pelo STOP que, no seu 'site', indicava ser possível aos docentes decidirem a concreta duração do período em que aderem à greve, tornando-a, nesses casos, numa greve com características similares às da greve 'self-service'.."Executar a greve nesses termos, e em detrimento dos avisos prévios, afeta a respetiva legalidade do exercício deste direito", frisou o ministério, citando o parecer, assinalando que o mesmo "será homologado", pelo que "a execução da greve deverá respeitar os pré-avisos apresentados pelas organizações sindicais, em respeito pela legislação que enquadra o direito à greve, enquanto direito fundamental dos trabalhadores"..O comunicado do ME não fez qualquer referência à greve do SIPE..A quinta ronda negocial sobre um novo modelo de recrutamento e colocação de professores, que tem levado a forte contestação nas escolas desde o final do ano passado, com a realização de greves, protestos e várias manifestações nacionais, prossegue com uma nova reunião na sexta-feira..O ministro da Educação, João Costa, anunciou que seria a última ronda negocial sobre a matéria.