Sete pessoas foram detidas e 45 foram constituídas arguidas na sequência de uma operação da Polícia Judiciária (PJ), no âmbito de uma operação denominada de "Cash-a-lot", por suspeita dos crimes de associação criminosa, branqueamento de capitais, fraude fiscal e falsificação de documentos "praticados por uma organização de caráter transnacional, controlada por cidadãos nacionais e estrangeiros".De acordo com um comunicado, da PJ foi dado cumprimento a 67 mandados de busca nos municípios de Espinho, Paredes, Póvoa de Varzim, Porto, Valongo, Vila Franca de Xira, Vila Nova de Gaia e em Vila do Conde, mais concretamente na zona industrial de Varziela, onde estão localizados muitos armazéns e uma grande concentração de comerciantes chineses radicados naquele concelho, que se dedicam à importação e revenda de vários produtos.Esta organização suspeita, que no topo terá um empresário de origem chinesa, utilizava o sistema bancário nacional para sustentar o processo de branqueamento, refere ainda a nota da PJ, acrescentando que o procedimento era "alicerçado na criação sucessiva de sociedades e contas bancárias tituladas" por essas sociedades, por onde fluíam "as vantagens na sua maioria provenientes da prática do Trade Based Money Laundering", um processo para disfarçar lucros de atividades ilícitas como se fossem fundos legítimos, utilizando transações de comércio internacional para ocultar a origem do dinheiro.Os montantes provenientes da atividade dessas sociedades eram depositados continuamente nas contas bancárias criadas para o efeito, eram depois transferidos para contas correspondentes domiciliadas em países europeus terceiros, acrescenta o comunicado, referindo que no espaço de 24 meses foram identificados depósitos em numerário no montante superior a 141 milhões de euros, num total movimentado, através das "conta veículo" de 209 milhões de euros.Foram apreendidos nove automóveis de alta gama, 74 contas bancárias controladas pelos suspeitos em território nacional e saldos de contas bancárias domiciliadas em 11 países europeus, num total de 67 contas bancárias. Foram ainda arrestados seis imóveis urbanos e apreendidos cerca de 300 mil euros em numerário, documentação diversa relativa à operação, material informático, cartões bancários e de telecomunicações, documentação falsa e armas de fogo.A operação policial envolveu cerca de 170 elementos da Diretoria do Norte da PJ e ainda de elementos das unidades de Braga e de Vila Real, contando também com a colaboração de elementos da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Em 2020, viviam e trabalhavam em Vila do Conde mais de 1.500 cidadãos chineses, a maior parte deles com atividade comercial na Zona Industrial da Varziela, onde geriam cerca de 200 armazéns, naquele que é o maior centro empresarial chinês em Portugal.Os detidos vão ser ainda esta quarta-feira presentes a um juiz do Tribunal de Instrução Criminal do Porto para o primeiro interrogatório judicial e aplicação das respetivas medidas de coação.O inquérito é tutelado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto.