O incêndio aconteceu no lar Bom Samaritano, onde residem 89 idosos.
O incêndio aconteceu no lar Bom Samaritano, onde residem 89 idosos. Foto: Estela Silva / Lusa

Segurança Social abre processo de averiguação ao fogo no lar da Misericórdia de Mirandela que fez seis mortos

Segundo Adérito Gomes, o incêndio terá começado num "colchão anti-escaras". Alarme anti fumo não disparou e, segundo uma testemunha, só um de três extintores funcionou.
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Seis idosos morreram num incêndio, na madrugada deste sábado, 16 de agosto, num lar da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela. O Instituto da Segurança Social Já abriu entretanto um processo de averiguação, de acordo com a RTP.

Segundo Adérito Gomes, provedor da instituição, o incêndio terá começado num "colchão anti escaras", num quarto com três utentes, que acabaram por morrer. Outros três, devido à inalação de fumo e a problemas respiratórios, também não conseguiram resistir.

O incêndio aconteceu no lar Bom Samaritano, onde residem 89 idosos. Esteve confinado apenas ao quarto onde deflagrou, mas todo o edifício ficou cheio de fumo.

Alguns utentes tiveram de ser transportados para os hospitais de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, disse à Lusa o provedor. Os restantes estão a ser encaminhados para outros lares da instituição.  O incêndio deflagrou por volta das cinco da manhã e foram as três funcionárias que estavam ao serviço que deram o alerta.

O autarca Vítor Correia afirmou ainda que, às 09h30, os utentes do lar que não tiveram qualquer ferimento começaram a ser encaminhados para outros lares da Misericórdia e foi pedida ajuda às corporações de bombeiros dos concelhos vizinhos para o transporte dos idosos acamados. 

O município está ainda a prestar apoio psicológico, logístico e a alimentar os familiares dos utentes, encaminhando-os para o Centro de Apoio à Vítima, instalado no pavilhão do INATEL. As operações de transferência dos idosos ocorrem nas imediações do lar, onde estão alinhadas várias camas articuladas. Por perto, estão vários carros de bombeiros e algumas ambulâncias.

Segundo o provedor da instituição, o alarme de fumo do lar não disparou quando deflagrou o incêndio e as funcionárias de serviço tinham feito uma ronda 10 minutos antes.

Adérito Gomes confirmou à agência Lusa que o alarme não soou com base na informação transmitida pelas funcionárias, e garantiu que os extintores do local estavam a funcionar e foram carregados nos prazos previstos e obrigatórios.

Paulo Pereira, testemunha do incêndio, vive a cerca de 50 metros do lar. Quando ouviu os cães ladrar, saiu de casa e apercebeu-se do que estava a acontecer, relatando não ter ouvido qualquer alarme - apenas viu “as senhoras a gritar” e o “fumo muito negro”.

Tentou ajudar e ainda tirou “três pessoas” das instalações, no distrito de Bragança.

À Lusa, contou ainda que tentou apagar o fogo com os extintores do lar, mas, dos três em que pegou, “apenas um funcionou”. “Os bombeiros vieram no minuto certo, senão a tragédia ainda seria maior”, afirmou o morador.

O incêndio terá sido provocado por um curto-circuito num colchão anti escaras. O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela adiantou que, pelas câmaras de vigilância do lar, que já foram analisadas, foi possível perceber que as colaboradoras fizeram a ronda 10 minutos antes de começar a “sair fumo por baixo da porta do quarto” onde estavam três utentes que acabaram por morrer.

Num período de “20 segundos”, segundo Adérito Gomes, o corredor ficou completamente cheio de fumo e foi aí que as funcionárias pediram ajuda.

Citada pela RTP, fonte do Instituto da Segurança Social disse que "o estabelecimento cumpria o plano de segurança de acordo com as disposições legais" e que "dez minutos antes tinha sido efetuada uma visita aos quartos".

O instituto acrescentou ainda que "está, em articulação com a autarquia, a autoridade de saúde e as entidades policiais, a prestar todo o apoio necessário aos idosos e famílias e a acompanhar a sua transferência".

Marcelo Rebelo de Sousa lamenta mortes

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou hoje a sua solidariedade aos familiares das vítimas do incêndio num lar da Misericórdia de Mirandela e afirmou estar a acompanhar a situação.

"O Presidente falou esta manhã com o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, apresentando as mais sentidas condolências aos familiares das vítimas do trágico incêndio no lar daquela instituição, estando a acompanhar a situação relativa aos idosos que ficaram feridos, esperando a sua rápida recuperação, e transmitindo a sua solidariedade e apoio neste momento de luto", lê-se numa nota oficial do Palácio de Belém.

Presidente da câmara acompanha trabalhos

Em entrevista à SIC Notícias, Vítor Manuel Correia, presidente da Câmara Municipal de Mirandela, disse que acompanha os trabalhos no lar desde antes das 8:00. Dos 25 feridos, cinco estão em estado grave.

Todos os utentes já foram retirados e levados para outros lares da zona, explicou o autarca. Segundo Correira, este processo foi "complexo", porque alguns dos idosos estão acamados ou com mobilidade reduzida, mas assegura que "tudo foi feito com tranquilidade e com a segurança necessária para garantir que nada mais grave acontecesse que o próprio incêndio".

Sobre as causas do fogo, o presidente da câmara disse que "tudo que se diga agora é meramente especulativo". Segundo o Comando Distrital da PSP de Bragança, a corporação tomou conta da ocorrência quando chegou ao local, mas, uma vez que houve mortes e feridos, o caso foi encaminhado para a PJ e para o Ministério Público. A Polícia Judiciária (PJ) está já no lar a recolher provas. 

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