Nem tudo o que faz a diferença é visível”, “Sempre presentes para fazer a diferença” e “Serve Portugal com inteligência” - são as frases-chave da primeira campanha pública para recrutamento de “oficiais de informações”, os “espiões” das secretas nacionais, revelou ao DN fonte oficial do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP). A iniciativa inédita marca uma das prioridades defendida pelo novo secretário-geral do SIRP, embaixador Vítor Sereno, que visa “uma maior abertura à sociedade civil, à semelhança do que é feito por Serviços congéneres”.Visando esse objetivo, e com a aprovação do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que tutela o SIRP, foi decidido “realizar, pela primeira vez, uma campanha pública de recrutamento, tal como há muito acontece em países aliados como a Alemanha, França ou Espanha, seja através de outdoors ou das redes sociais”, sendo que, garante fonte oficial do gabinete de Sereno, “nestes países, os resultados foram muito positivos”. A título de exemplo, o cartaz das secretas alemãs, Bundesnachrichtendienst (BND - Serviço Federal de Inteligência) ganhou no ano passado o prémio de publicidade, garantindo uma nova campanha no valor de 2,5 milhões de euros em 2025: “Estamos à procura de terroristas. Encontre-os connosco!”, foi o lema escolhido.. Este concurso começa nesta segunda-feira, dia 3 de novembro, e prolonga-se até dia 2 de dezembro. Trata-se da segunda fase de um processo iniciado no passado mês de setembro, quando foram abertas 54 vagas, no Serviço de Informações de Segurança (SIS), no Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e nas Estruturas Comuns do SIRP, para preencher funções diversas: oficiais adjuntos de informações, técnicos superiores em áreas como Direito ou Engenharia, motorista, recursos humanos, logística, IT, oficina, cozinha ou secretariado.Nesta segunda fase foram abertas outras 54 vagas, distribuídas em sete procedimentos concursais, para os mesmos organismos, mas para postos de “Oficiais de Informações” e técnicos superiores de apoio à atividade de informações, entre outros, cujas funções são as mais conhecidas dos clássicos “espiões”. “Representação institucional de alto nível junto de organismos, instituições e serviços nacionais e estrangeiros, tanto no âmbito bilateral quanto multilateral, em ambientes que requeiram elevada perícia e experiência operacional; assessoria técnica e estratégica de elevada complexidade à direção superior e aos dirigentes dos departamentos operacionais; coordenação operacional de áreas temáticas específicas”, são alguns exemplos do tipo de conteúdo funcional desta carreira.De acordo com o gabinete de Vítor Sereno, “globalmente, trata-se do maior processo de recrutamento da história do SIRP e tem um significado especial, uma vez que em 2025 celebram-se os 40 anos do Serviço de Informações de Segurança (SIS) e os 30 anos do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED)”. Isso significa, assinalou, que “muitos quadros fundadores já passaram à reforma ou estão em condições de o fazer”. Para além disso, acrescenta, “existe a necessidade de capacitar o SIRP com recursos humanos com formação em áreas ligadas às novas tecnologias para enfrentar o quadro de ameaças e desafios do Século XXI, em linha com o que tem sido defendido pelo Secretário-Geral do SIRP desde a sua tomada de posse e, genericamente, de reforçar os recursos humanos para responder a um leque cada vez mais alargado de situações, face à evolução do quadro geopolítico e securitário global”.Vão estar espalhados outdoors em Lisboa, mas também no Porto e em Faro, com um QR Code que direcionará para as páginas institucionais onde os interessados podem ler a informação sobre os concursos. Segundo o SIRP, “serão também distribuídos cartazes em universidades e instituições públicas”, ao mesmo tempo que “o concurso será divulgado na recém-criada página do SIRP no LinkedIn, a rede social profissional por excelência, e através de um site renovado”.Questionada pelo DN sobre que tipos de perfis procuram atrair, a mesma fonte explicou que “o objetivo é a captação de um cada vez maior e mais diverso número de candidatos”. Precisou que “os Serviços de Informações procuram pessoas dedicadas, ambiciosas, criativas, com sentido de dever e vontade de servir o país”, evidenciando que “no SIRP, os candidatos terão oportunidade de fazer a diferença em prol do país, de evoluir pessoal e profissionalmente, de entrar numa carreira única e desafiante, de fazer parte de equipas altamente qualificadas e dedicadas, auferindo um salário justo no âmbito da Função Pública”.O DN questionou ainda o SIRP sobre se tinha sido avaliado o risco de esta exposição pública atrair um número tão elevado de candidatos que possa atrasar o processo de seleção e o urgente preenchimento de vagas. “Os Serviços acautelaram a possibilidade de um aumento substancial do número de candidatos face a edições anteriores. Aumentar a visibilidade dos processos de recrutamento traz desafios mas, em última análise, permitirá alcançar mais e melhores profissionais, que melhor refletem a qualidade das novas gerações que o país tem formado, o que se traduzirá no trabalho desenvolvido pelos Serviços de Informações”, justificou. Quanto ao custo da campanha, o SIRP não respondeu. “Tudo foi feito de forma equilibrada”, garantiu o mesmo porta-voz.O SIS tem como responsabilidade a prevenção das ameaças, atua em território nacional para salvaguardar a segurança interna, prevenindo fenómenos como a sabotagem, o terrorismo e a espionagem, bem como a prática de atos que, pela sua natureza, possam por em causa o Estado de Direito.O SIED atua sem limitação de área geográfica, visando a salvaguarda da independência nacional, dos interesses nacionais e da segurança externa do Estado português. .O que fazem os espiões portugueses e de onde são os espiões estrangeiros que estão cá?