A Associação Nacional de Sargentos (ANS) considerou esta quarta-feira que "falta resolver a questão estrutural do défice de efetivos" no Hospital das Forças Armadas e alertou para a possibilidade de "problemas sérios na gestão hospitalar" no futuro, no seguimento da notícia avançada pelo Diário de Notícias..A ANS pediu uma reunião com "muita urgência" ao Ministério da Defesa Nacional na sequência "do alarme causado pelas notícias vindas a público antes do Natal do risco de o Hospital das Forças Armadas [HFAR] entrar em rutura", disse o presidente da associação à Lusa, indicando que essa reunião decorreu hoje com o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira.."Relativamente ao risco anunciado de fecho de enfermarias e transferências de doentes, etc, isso está ultrapassado e foi resolvido, mas isso é esta questão pontual. Para nós, falta resolver a questão estrutural do défice de efetivos de pessoal a todos os níveis, não apenas médicos, técnicos de saúde, mas todos os outros serviços de apoio, todos os serviços que concorrem para o bom funcionamento do Hospital das Forças Armadas", defendeu António Lima Coelho..Em declarações à Lusa no final da reunião, o presidente da ANS disse que o Ministério da Defesa informou que "a questão dos contratos que terá originado essas notícias está resolvida e que estão a ser lançados procedimentos concursais para o próximo ano".."Congratulamo-nos que a situação de alarme tenha sido resolvida e que já não se coloque, pelo menos agora, a situação de fecho de enfermarias e de transferência de doentes, mas é manifestamente curto prever ou imaginar que em 2023 o Hospital das Forças Armadas vai ter o mesmo tipo de funcionamento que em 2022 porque há uma série de carências que temos denunciado ao longo do tempo e que não gostaríamos de ver voltarem a repetir-se", considerou..António Lima Coelho alertou também que, "se estes processos concursais, se estas renovações, se arrastarem de novo, como aconteceu este ano, para o final do ano que vem, vamos ter de novo problemas sérios na gestão hospitalar e isto é incompatível com a condição militar".."É muito bom que isso esteja a ser preparado e feito, mas é bom que isso seja feito atempadamente e o mais rapidamente possível para que não se arrastem as situações de carências de efetivos", salientou..Como a ANS continua com alguma "preocupação" relativamente a esta matéria, decidiu "manter a vigília que está convocada para dia 30 em frente à entrada principal do HFAR com intuito de defender o direito à saúde porque defender o HFAR é defender a saúde militar"..Na segunda-feira, o Ministério da Defesa Nacional anunciou a conclusão dos processos relativos a contratos de pessoal para 2023 no Hospital das Forças Armadas que aguardavam a regularização e indicou que "em fase de instrução um processo para abertura de procedimentos concursais para contratação de trabalhadores com vínculo permanente aos quadros do HFAR"..A Ordem dos Médicos tinha alertado no mesmo dia que a demora na aprovação de contratos com profissionais de saúde no Hospital das Forças Armadas podia implicar, no polo do Porto, a transferência de doentes e suspensão de atividade programada..Segundo informações avançadas a semana passada pelo Diário de Notícias e o Correio da Manhã e às quais a Lusa teve acesso, o HFAR -- com polos em Lisboa e Porto -- estaria em risco de incorrer numa situação crítica se não fosse autorizada "a contratação de prestação de serviços na modalidade de avença" para o próximo ano de 222 profissionais "que representam cerca de 15% do universo de 1.400 trabalhadores do HFAR".