Rúben Oliveira ("Xuxas") foi esta sexta-feira condenado a 20 anos de prisão em cúmulo júridico num processo em que estão em causa acusações de tráfico de droga, associação criminosa e branqueamento de capitais..A decisão foi lida esta sexta-feira pela juíza presidente do coletivo, Filipa Araújo, no Juízo Central Criminal de Lisboa, no Campus de Justiça, numa sala com forte presença policial..A juíza considerou ainda constitucional e com enquadramento legal a validação da prova referente às comunicações telefónicas encriptadas transmitidas por França às autoridades nacionais..A juíza Filipa Araújo referiu que estes são "meios utilizados por pessoas que querem estar à parte da intervenção legítima do Estado".."Não podemos estar acima da lei e achar que por usarmos estes sistemas estamos acima da lei", apontou a magistrada..O advogado de Rúben Oliveira, Vítor Parente Ribeiro, alegou em tribunal, no decurso do processo, a nulidade da prova obtida através da interceção de conversas telefónicas encriptadas, referindo que esta foi enviada de países estrangeiros para a PJ portuguesa sem qualquer controlo judicial e invocando acórdãos do Tribunal de Justiça da União Europeia e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para sustentar a nulidade do material probatório..A 23 de julho passado, o Ministério Público (MP) pediu no julgamento do caso "Xuxas", que o principal implicado, Rúben Oliveira, e outros 14 arguidos singulares sejam "condenados exemplarmente", deixando em aberto uma possível absolvição para o arguido William Cruz..Quanto ao arguido Gurvinder Singh, comerciante com uma mercearia sediada nos Olivais e que foi utilizada pelos narcotraficantes, o MP admitiu uma atenuação da pena por ter colaborado com o tribunal na descoberta da verdade..Nas alegações finais, a procuradora Júlia Henriques considerou que se fez a prova constante da acusação e defendeu que "devem os arguidos serem condenados exemplarmente" em cúmulo jurídico e a penas de prisão efetiva, embora sem as quantificar..Xuxas está em prisão preventiva na cadeia de alta segurança de Monsanto desde final de junho de 2022..Segundo a acusação do Ministério Público, o grupo criminoso, liderado por Rúben Oliveira, tinha "ligações estreitas" com organizações de narcotráfico do Brasil e da Colômbia e desde meados de 2019 importava elevadas quantidades de cocaína da América do Sul..A organização de "Xuxas" tinha - ainda de acordo com a acusação - ramificações em diferentes estruturas logísticas em Portugal, nomeadamente junto dos portos marítimos de Setúbal e Leixões, aeroporto de Lisboa, entre outras, permitindo assim utilizar a sua influência para importar grandes quantidades de cocaína fora da fiscalização das autoridades portuárias e nacionais..Naqueles locais, a Polícia Judiciária realizou apreensões de cocaína que envolvem arguidos que supostamente obedeciam a ordens de Rúben Oliveira..A cocaína era introduzida em Portugal através de empresas importadoras de frutas e de outros bens alimentares e não alimentares, fazendo uso de contentores marítimos. A droga entrava também em território nacional em malas de viagem por via aérea desde o Brasil até Portugal..Os arguidos recorriam alegadamente a "sistemas encriptados tipicamente usados pelas maiores organizações criminosas mundiais ligadas ao tráfico de estupefacientes e ao crime violento" para efetuarem comunicações entre si..Em julgamento estiveram 16 arguidos singulares e três empresas.