O Orçamento Municipal (OM) da câmara de Lisboa prevê um aumento de verbas na ordem dos 56,9% para a área da “segurança e proteção civil”. Isto traduz-se em mais 10,2 milhões de euros. Mas mais importante do que saber o montante em termos de investimento é saber o que é “executado”. A opinião é de Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícias (ASPP), que refere que a “PSP em Lisboa está com necessidades, bem como a Polícia Municipal [PM], muito devido à falta de investimento que tem havido em termos de recursos humanos”.No documento apresentado esta terça-feira (2 de dezembro), a Câmara Municipal de Lisboa não deslindou que verbas se destinam ao quê, nesta área da “segurança e proteção civil”, além da videovigilância. Paulo Santos assume “desconhecer” para já quais os montantes para cada área. Certo é que, para a vídeoproteção, a Câmara Municipal de Lisboa orçamentou um reforço de 1,4 milhões de euros destinado à aquisição de 63 câmaras para reforçar a videovigilância na cidade. Sobre isto, o dirigente da ASPP considera que apesar do reforço “não se devem secundarizar” os agentes no terreno. “Deve ser sempre um complemento. É importante, sim, mas não resolve a carência de efetivos. Não queremos que a videoproteção sirva para substituir o efetivo, mas sim para complementar a presença humana”, afiança.Olhando para esta questão, fonte da Polícia Municipal de Lisboa (PML) destaca que 63 câmaras em toda a cidade é “curtíssimo”. E, além disso, diz a mesma fonte, “o maior problema é quem faz a gestão” destes equipamentos. “Estão presentes, em permanência, meios de ambas as polícias? Quem decide que meios e que tipo de meios vão para o terreno? 63 câmaras parece muita coisa, mas numa cidade da dimensão de Lisboa isso equivale a duas ou três numa das principais artérias”, comenta a mesma fonte da PML.No seu entender, há mais prioridades que parecem não estar plasmadas no OM apresentado na terça-feira, tais como a renovação do parque automóvel. “Temos 30 ou 40 automóveis ligeiros e todos a precisarem de ser renovados.São carros sujeitos a um desgaste muito acentuado, circulam pela cidade toda e muitas vezes ficam ligados a sinalizar acidentes. A falta de renovação da frota e o parque automóvel deficitário não era algo comum”, diz. No OM, o reforço de veículos que aparece anunciado para esta área é de seis “viaturas de proteção civil”, algo considerado “irrisório” pela mesma fonte. Não é claro que tipo de viaturas são, nem a quem se destinam.Questionada sobre o investimento na videovigilância, bem como se se destinam ao plano de reforço em curso e quais as zonas em que serão colocados estes equipamentos, a Câmara Municipal de Lisboa não enviou respostas ao DN.Guardas-noturnos não são “ideia nova, eles existem”Outra das intenções do executivo lisboeta - plasmada nas Grandes Opções do Plano para 2026-2030 - prende-se com a implementação também de guardas-noturnos, cuja regulamentação datava de 2005 e foi revista este ano. Mas, diz a mesma fonte da PML, “não é uma ideia nova”. “Eles existem, deixou foi de haver investimento. A câmara quer agora reavivar essa função. Mas quem os vai remunerar? O guarda-noturno por norma é remunerado por instituições particulares ou pequenas e médias empresas.” Sobre qual a verba destinada a esta função e onde serão recrutados os operacionais, a Câmara Municipal de Lisboa também não respondeu ao DN.Também na segurança noturna (e ainda que não esteja orçamentado dessa forma), a autarquia da capital destinou 10 milhões de euros para mexidas na iluminação de Lisboa (ver coluna ao lado). Isto inclui não só a manutenção dos equipamentos já instalados, como também a sua modernização e a instalação de novas luminárias (500 ao todo).O investimento na segurança em númerosVideovigilânciaNo Orçamento Municipal para 2026, a Câmara de Lisboa prevê investir 1,4 milhões de euros na aquisição de mais câmaras de videovigilância para a cidade. Ao todo, está prevista a compra de 63 destes equipamentos, o que representa um custo unitário de aproximadamente 22 mil euros. Em julho, Carlos Moedas já tinha prometido um reforço da videoproteção na capital.Obras em quartéisNo documento, o Executivo Camarário destinou ainda um montante para intervencionar quartéis na cidade. Não especificando quais, nem em que zonas da cidade, o Orçamento apresentado destina oito milhões de euros para estas obras.Mais bombeirosNo último mês, a contestação por parte dos Bombeiros Sapadores de Lisboa aumentou, tendo sido convocada uma greve (entretanto desconvocada), após exigirem melhores condições de trabalho. Para 2026, a autarquia prevê um reforço de 80 destes operacionais e orçamenta ainda a compra de fardamento para os bombeiros no valor de um milhão de euros.Sirenes de tsunamiAinda na área da “segurança e socorro”, a Câmara Municipal de Lisboa prevê a aquisição e instalação de mais duas sirenes do sistema de alerta de tsunami. Atualmente, a autarquia já começou a implementar este sistema, existindo uma destas sirenes na Praça do Comércio, em plena Baixa lisboeta.Mexidas na iluminaçãoAinda que não estejam orçamentadas nesta área, as mexidas na iluminação, que podem ter um papel na segurança da cidade, são orçamentadas em 10 milhões de euros. Isto inclui a manutenção e conservação de 75 mil candeeiros e a instalação de outros 500..Mais videovigilância em Lisboa? Governo sem “nenhum” pedido novo.Lisboa. Carris lidera investimento com 250 milhões e verba para Higiene Urbana cresce 50%