Milhares de imigrantes foram explorados pela rede criminosa
Milhares de imigrantes foram explorados pela rede criminosaReinaldo Rodrigues/Global Imagens

Rede de imigração ilegal. Selo branco validou milhares de registos criminais

A operação "Gambérria" visou uma rede criminosa de auxílio à imigração criminal. Entre os 13 detidos, portugueses e estrangeiros, há uma técnica superior do MNE.
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A Polícia Judiciária (PJ) deteve na terça-feira 13 pessoas, com idades entre os 26 e os 64 anos, sem antecedentes criminais, suspeitas de integrarem uma rede criminosa de auxílio à imigração ilegal.

Os detidos são sete homens e seis mulheres, portugueses e estrangeiros, entre os quais empresários, uma advogada e uma técnica superior do ministério dos Negócio Estrangeiros (MNE).

Em comunicado oficial, a PJ adianta que foram feitas 40 buscas em Coimbra, Espinho, Carregal do Sal, Amadora, Odivelas, Loures e Lisboa, no âmbito das quais foram apreendidos, entre outros, 11 automóveis, aproximadamente um milhão de euros em numerário, duas presas de elefante em marfim de 50kg e vários artigos utilizados na falsificação de documentos, com destaque para um selo branco, encontrado e apreendido numa empresa onde seriam "validados" milhares e certificados de registos criminais de cidadãos estrangeiros.

Segundo fontes judiciais confirmaram ao DN, o selo branco apreendido era do MNE.

Foram ainda arrestados seis imóveis, dois prédios rústicos e quatro urbanos - destes uma vivenda e três apartamentos, e congeladas 35 contas bancárias.

A operação "Gambérria", com o DIAP Regional de Coimbra, contou com cerca de 200 elementos da PJ, dois juízes, uma procuradora da República e representantes da Ordem dos Advogados, e resultou de um inquérito que tinha sido aberto em 2023, partindo da suspeita de que este grupo estaria a legalizar, de forma irregular, um elevado número de imigrantes, lucrando milhões de euros.

A investigação da PJ confirmou que boa parte dos imigrantes explorados por esta rede estavam no estrangeiro, apesar de os seus processos figurarem como estando a trabalhar e a residir em Portugal.

Segundo a PJ, "ao que tudo indica, os migrantes, enquanto clientes que se mostravam disponíveis a pagar valores elevados para conseguir a legalização em território nacional, eram angariados pelo grupo através de complexos esquemas nos países de origem, com a promessa de financiamento de um conjunto de serviços, tais como a obtenção de contratos de trabalho, Número de Identificação Fiscal (NIF), Número de Identificação de Segurança Social (NISS), Número de Utente do SNS, tradução e certificação de registos criminais, abertura de contas bancárias, entre outros.

Milhares de imigrantes foram explorados pela rede criminosa
Rede de imigração ilegal. Detidas 13 pessoas, uma é técnica superior do MNE

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