Portugal é o país da Europa onde pessoas de etnia cigana sentem mais discriminação
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Portugal é o país da Europa onde pessoas de etnia cigana sentem mais discriminação

Portugal está também entre os países com a percentagem mais elevada de pessoas ciganas que relataram ter sofrido pelo menos uma forma de assédio motivado pelo ódio pelo facto de serem de etnia cigana.
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Portugal é o país europeu onde os ciganos se sentem mais discriminados, segundo um inquérito da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), divulgado esta quinta-feira, 2 de outubro.

De acordo com o inquérito, 63% das pessoas de etnia cigana em Portugal sentem-se vítimas de discriminação.

O estudo é relativo ao ano passado e envolveu 10 Estados-membros da União Europeia (Bulgária, Chéquia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha) e outros três países em vias de adesão (Albânia, Macedónia do Norte e Sérvia).

De acordo com a FRA, os níveis de discriminação diminuíram entre 2021 e 2024 na Grécia e na Sérvia e aumentaram na Chéquia, França, Irlanda, Macedónia e Portugal. "As taxas de discriminação atingiram os seus níveis mais elevados na Irlanda (para ciganos e nómadas), Itália e Portugal", indica o relatório.

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Para este estudo foram inquiridos 422 portugueses ciganos, dos quais 63% afirmou que se sentiu discriminado nos 12 meses anteriores à realização do inquérito, o que coloca o país com a percentagem mais elevada. Este valor representa um aumento de um ponto percentual em relação ao inquérito anterior, de 2021, e um salto de 16 pontos percentuais em comparação com o de 2016.

A seguir a Portugal, aparecem no topo da lista Irlanda e Itália, dois países onde 60% dos ciganos se sentem discriminados. No caso irlandês, o valor aumenta para 75% quando foram inquiridas as pessoas nómadas.

A agência europeia conclui que, em Portugal, tal como na Albânia, na Bulgária, na Chéquia e na Sérvia, os ciganos que vivem em comunidades com menos ciganos sentem menos discriminação do que os ciganos que vivem em bairros onde toda ou a maioria da população é de etnia cigana.

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O inquérito revelou também que Portugal está também entre os países com a percentagem mais elevada de pessoas ciganas que nos 12 meses anteriores ao estudo relataram ter sofrido pelo menos uma forma de assédio motivado pelo ódio pelo facto de serem de etnia cigana.

Dos 422 ciganos portugueses inquiridos, 48% disse ter sido vítima de assédio, um valor superior em relação a Itália (44%) e Irlanda (41%), sendo que neste último o valor aumenta para 50% quando inquiridos os nómadas.

70% dos ciganos em Portugal afirmam ainda ser discriminados na procura de emprego, uma taxa de discriminação considerada "notavelmente alta", ultrapassada apenas pela Irlanda (84%). Itália (66%) e Grécia (61%) são os países que mais se aproximam.

Feita a média de todos os países onde decorreu o inquérito, "36% dos ciganos/nómadas com mais de 16 anos afirmaram ter sofrido discriminação por serem ciganos/nómadas na procura de emprego nos últimos 12 meses" o que para a FRA confirma "uma tendência negativa observada em 2021" e mostra que "o pico de discriminação registado em 2021 não pode ser atribuído apenas à Covid-19".

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