Polícias e agricultores em luta por entre brilho do girl power

Polícias e agricultores em luta por entre brilho do girl power

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SÁBADO

Miguel Pereira/Global Imagens

Polícias. Baixas, jogos cancelados e alertas de boicote eleitoral

Já acontecera antes, mas este sábado foi o Famalicão-Sporting a vítima colateral dos protestos dos polícias. Já as equipas estavam no estádio e os adeptos prestes a entrar quando se soube que o jogo ia ser cancelado. O motivo? Uma dezena dos agentes da PSP destacados para garantir a segurança da partida meteram baixa médica. PSP e GNR têm multiplicado as ações de protesto - incluindo concentrações em Lisboa e Porto -, exigindo o pagamento de um subsídio de missão idêntico ao que recebem os inspetores da Polícia Judiciária. Neste dia a consequência, além do adiamento do jogo, foram alguns confrontos entre adeptos, que fizeram alguns feridos, mas no futuro podem ser mais graves. A apresentação de baixas médicas também deixou o aeroporto de Lisboa com metade do efetivo da PSP (50 dos 90), com o controlo aeroportuário a ser afetado. A segurança, para já, não está em risco, mas pode ficar em caso de alerta mais grave. A médio prazo, e sem tirar eventual legitimidade aos protestos, a verdade é que o descontentamento nas forças da ordem gera instabilidade na sociedade. Sobretudo quando estas admitem mesmo boicotar as legislativas de 10 de março.

DOMINGO

EPA

O girl power de Taylor, Billie, Miley, Céline, Tracy e Joni

Em Portugal a noite foi de espera para saber os resultados das regionais antecipadas nos Açores - venceu a coligação PSD-CDS-PPM mas sem maioria, com muitos comentadores a logo tirarem conclusões sobre possíveis comparações com as legislativas nacionais de 10 de março - mas em Los Angeles a noite era de música com a 66.ª cerimónia dos Grammy. E as grandes vencedoras da noite foram as mulheres. Taylor Swift, como era esperado, venceu o prémio de Álbum do Ano, com Midnights, Billie Eilish teve a Canção do Ano com What Was I Made For, Victoria Monét levou para casa o galardão de Melhor Novo Artista e Miley Cyrus conseguiu o seu primeiro Grammy - Melhor Performance Pop a Solo com Flowers. Mas nem só de prémios se fez o serão - à poderosa atuação de Cyrus, juntou-se a tranquilidade de Tracy Chapman e do seu Fast Car em dueto com Luke Combs. Aos 80 anos Joni Mitchell emocionou jovens e menos jovens na sua estreia no palco dos Grammy e Céline Dion surpreendeu ao entregar o prémio a Swift. Os Óscares podem ter “esnobado” Barbie, negando a nomeação a Greta Gerwig e Margot Robbie, mas o girl power mostrou que está bem vivo.

SEGUNDA

EPA/DIVYAK

Cancro de Carlos III e a incógnita da monarquia britânica

Terá sido durante um tratamento recente à próstata que Carlos III foi diagnosticado com cancro. O anúncio da doença foi agora feito pelo Palácio de Buckingham, que não avançou, contudo, qual o tipo de cancro de que sofre o monarca britânico. Apesar do discurso positivo do primeiro-ministro Rishi Sunak, que sublinhou que a doença foi detetada “cedo”, o estado de saúde de Carlos III, de 75 anos, causa preocupação juntos dos súbditos. Depois de ter sucedido à mãe em setembro de 2022, o rei teve agora de cancelar compromissos públicos por conselho médico, tendo já começado os tratamentos. Durante a convalescência, alguns desses compromissos serão assumidos por outros membros da Família Real, da Rainha Camilla aos príncipes William, Eduardo ou Ana. Não se sabendo a gravidade da doença, a verdade é que o seu anúncio não só provoca instabilidade como leva inevitavelmente a pensar na sucessão de Carlos. Aos 41 anos, William passou a vida a preparar-se para o cargo e é o mais popular membro da família real. Mas não deixaria de ser tristemente irónico que Carlos, que esperou até aos 73 anos para subir ao trono acabasse por o ocupar pouco tempo.

TERÇA

Cedências da UE não travam agricultores e populistas capitalizam

Era uma das bandeiras do Green Deal, o Pacto Ecológico da União Europeia, mas a presidente da Comissão Ursula von der Leyen não hesitou em a deixar cair, cedendo às exigências dos agricultores. Estamos a falar da diretiva que previa o corte de 50% no uso de pesticidas até 2030. Um sinal dos tempos, com as preocupações ambientais, que há cinco anos enchiam as ruas das principais cidades europeias de manifestantes e levavam os Verdes a tornar-se no quarto maior partido no Parlamento Europeu a serem sacrificadas agora que são os tratores dos agricultores a bloquearem grandes cidades como Paris, Bruxelas, Berlim ou Barcelona. Em Lisboa, chegaram a ameaçar cortar a Ponte Vasco da Gama. Apesar das cedências, tanto da UE como de vários governos nacionais, os agricultores parecem longe de desmobilizar, apesar de terem acalmado as ações de protestos em França ou na Alemanha. Com as eleições europeias à vista - terão lugar entre 6 e 9 de junho - a revolta dos agricultores está a ser alimentada por vários partidos e famílias políticas, com os populistas e a extrema-direita a colar-se às suas reivindicações para as usar como bandeira na campanha.

QUARTA

EPA

Nega de Netanyahu deixa trégua com Hamas mais longe

O plano com a proposta de cessar-fogo do Hamas tinha três fases - libertação de reféns do sexo feminino, menos de 19 anos que não sejam militares, idosos e doentes em troca de mulheres, crianças e idosos palestinianos detidos em Israel, além da entrada de ajuda em Gaza; libertação de todos os reféns do sexo masculino em troca de presos palestinianos, mais ajuda e início da retirada total de Israel; devolução dos corpos dos restantes reféns e continuação da ajuda humanitária. Propostas que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu considerou “delirantes”, rejeitando-as enquanto garantia que Israel está “a poucos meses” da vitória total. As negociações não terminaram aqui, mas ao dar ordem para o início das operações terrestres em Rafah Netanyahu deixa mais longe a possibilidade de uma trégua. Enquanto os palestinianos continuam a sofrer em Gaza - com as autoridades do Hamas a falar em 28 mil mortos - e a esperança dos familiares dos reféns de voltar a ver os reféns a esbater-se cada dia mais.

QUINTA

EPA

Em duelo de dinastias, Paquistão votou com bombas e sem internet

Com o ex-primeiro-ministro Imran Khan, banido da corrida devido aos problemas com a justiça, as presidenciais no Paquistão foram disputadas por dois representantes da dinastias que têm dominado a vida política do país nas últimas décadas:  Nawaz Sharif, por três vezes à frente do governo e recém regressado do exílio após ver anuladas as suas condenações por corrupção, e Bilawal Bhutto Zardari, filho da antiga primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em 2007 e do ex-presidente Asif Ali Zardari, e neto de Zulfikar Ali Bhutto, ex-presidente e ex-primeiro-ministro, derrubado num golpe militar e executado em 1979. O dia da votação ficou marcado pelos atentados que mataram sete polícias na província do Baluchistão, mas também pela suspensão do serviço de telemóvel, inclusive os dados móveis, gerando acusações de estarem a tentar dificultar a votação. Os resultados só devem ser conhecidos dentro de duas semanas, mas Sharif é o favorito. Mas vença quem vença o maior desafio será manter a paz  e estabilidade no quinto país mais populoso do mundo, potência nuclear com fronteiras com Afeganistão, China, Índia ou Irão.

SEXTA

EPA

Memória de Biden atacada: “sou idoso mas sei o que faço”

O relatório do procurador Robert Hur que acusa Joe Biden de ter retido intencionalmente documentos confidenciais quando era vice-presidente surgiu quinta ao final da noite, mas foi já na madrugada de sexta (em Lisboa) que o agora presidente reagiu. E não escondeu a irritação. Menos com a acusação - afinal o relatório conclui que apesar de culpado, Biden não deve ser acusado - e mais com as passagens sobre a sua capacidade mental. “A minha memória está ótima”, garantiu o presidente, de 81 anos, não escondendo a indignação perante as afirmações de Hur de que não se lembrava da data da morte do filho Beau (morreu em 2015 aos 46 anos, de cancro). “Como é que ele se atreve a dizer isso”, reagiu antes de garantir: “Sou idoso mas sei o que estou a fazer”. A idade de Biden preocupa até os eleitores democratas e tem sido usada pelo seu rival republicano nas presidenciais de 5 de novembro, Donald Trump, ele próprio de 77 anos. Não deixa de ser irónico que uma América jovem, multiracial e multicultural vá, quase certamente, escolher o próximo presidente entre dois homens, brancos e velhos. 

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