Para Carlos Amaro, administrador da Sevenair, é “um ato de terrorismo” reter, no Aeródromo Municipal de Cascais, o avião que faz a ligação entre Bragança e Portimão. Em causa está uma alegada dívida de taxas de handling a uma empresa municipal, a Cascais Dinâmica, no valor de 107 mil euros (mais IVA).Mas, no entender da Sevenair, não há motivo para reter a aeronave. “O Estado é quem deve dinheiro. Deve-nos a nós. E agora a autarquia vem dizer que não quer saber disso e que devemos pagar o que é devido. Pagámos tudo, menos esta fatura porque achamos que não é devida”, explica Carlos Amaro.Com este “drama”, que é uma “situação gravíssima”, as populações de Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais e Portimão (cidades por onde passa a ligação aérea) são “prejudicadas”. “Isto existe há mais de 15 anos precisamente para servir às populações das zonas remotas, bem como empresários e turistas que a utilizem”, sublinha o responsável. Por isso, volta a frisar, “é um ato de terrorismo, pura e simplesmente”.Esta situação impediu, esta segunda-feira, os passageiros da ligação aérea de chegar a Portimão, refere Carlos Amaro. Isto porque a aeronave levantou de Bragança, passou por Vila Real e Viseu e, quando chegou a Cascais, já não voltou a sair. “Tivemos passageiros que iam passar o Carnaval ao Algarve e tiveram ou de ir de carro ou de cancelar tudo, como hotéis e refeições. É uma atitude típica de um Estado ao estilo da Venezuela e não de um país europeu”, reitera Carlos Amaro.Em reação à notícia, o gabinete de Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, emitiu uma nota. Sem adiantar mais pormenores, o governante disse ter sido “informado pela companhia” sobre o sucedido e que acompanha a situação, “não se prevendo qualquer razão para suspender a ligação”.No entanto, a autarquia cascalense discorda destes argumentos. Na sequência deste diferendo, Carlos Carreiras veio a público solidarizar-se com a empresa municipal, falou em “ataques políticos” por parte da Sevenair e disse que se tratam de “desculpas de mau pagador”.Numa nota enviada à Lusa, o autarca diz que a Sevenair tenta atacá-lo “politicamente” para “justificar a condição reiterada” de “mau pagador. “A empresa Sevenair não tem legitimidade para colocar em causa a minha legitimidade enquanto presidente de câmara e decide especular justificando [com] ‘conflitos partidários internos’” que não existem, diz o autarca em resposta à alegação da empresa de que, além de estar no fim do último mandato, Carreiras enfrenta problemas dentro da estrutura local do PSD. Na opinião de Carlos Carreiras a Sevenair está “a tentar imiscuir-se, pressionando a atividade autárquica”.A nota termina com o autarca a reiterar que está “completamente de acordo e, como tal, solidário com a administração” da Cascais Dinâmica. “Reitero a minha total independência a grupos privados e não deixarei que os mesmos tentem direta ou indiretamente condicionar o meu mandato e interpreto o comunicado da Sevenair como desculpas de mau pagador”, remata.