Os números da pandemia. Portugal a descer, a UE a subir
Os números da UE 27 mostram que Portugal é o país que regista, per capita, os números menos maus de novos infetados por dia. De país mais infetado da UE a menos infetado foram quase dois meses de diferença.
Enquanto pela Europa fora vão surgindo indicações sobre o que pode ser o início de uma quarta vaga pandémica, Portugal, em contraciclo, vê os seus números a melhorar. Será, porventura, o resultado do confinamento geral iniciado em meados de janeiro e que só na segunda-feira passada começou a aliviar (embora "a conta-gotas").
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Os dados do Our World In Data mostram claramente que, no conjunto dos 27 estados-membros da União Europeia, Portugal é o que tem a mais baixa média per capita de novos infetados por dia (ver gráfico em baixo).

Portugal é o país da UE onde menos se morre diariamente (per capita) de covid-19
© Our World In Data
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A situação contrasta, em absoluto, com a que ocorreu de meados de janeiro até ao final de primeira semana de fevereiro. Nesse período, Portugal foi o país da UE campeão em novos infetados diários por milhão de habitantes.
Os dados também confirmam que, na média da UE, a curva da evolução das novas infeções diárias é ascendente (desde meados de fevereiro) enquanto a de Portugal é abruptamente descendente desde o final de janeiro (pico da 3ª vaga), continuando atualmente nessa trajetória, embora menos acentuada.
A curva começou a descer no final de janeiro e em 7 de fevereiro Portugal já não era, per capita, o país com mais novos infetados por dia, passando para 2º lugar, ultrapassado pela República Checa. E a curva descendente prosseguiu, sempre a pique. Em 3 de março, o país já era, de toda a UE, aquele que registava a melhor evolução diária (per capita) de novos infetados, situação que mantém.
Em Portugal já morreram 16 762 pessoas vítimas de covid-19 desde o início da pandemia, segundo o boletim de hoje da DGS. E já se registaram cerca de 767 mil casos de infeção.

A situação pandémica média na UE piora enquanto em Portugal melhora
© Our World In Data
O fio do noticiário nos últimos dias tem-se enchido de relatos sobre situações nacionais pandémicas a piorar na União Europeia.
Situação agrava-se na Hungria...
A Hungria registou 11 132 novos casos de covid-19 e 227 mortes nas últimas 24 horas, representando um aumento de 18 e 40%, respetivamente, em relação aos números de há uma semana, e novos máximos desde o início da pandemia.
De acordo com os dados divulgados hoje pelas autoridades sanitárias, o número de internados continua a aumentar, cifrando-se agora em 10 583, dos quais 1 237 estão ventilados.
A Hungria tem, atualmente, a 3ª maior incidência de casos e de mortes em função da sua população na UE. E por causa disso já foram anunciadas novas medidas.
Na sexta-feira, o Governo decidiu que, face à propagação acelerada da pandemia, o recolher obrigatório noturno será estendido até pelo menos 29 de março, assim como o encerramento de centros de educação, comércio não essencial e espaços de lazer e gastronomia. A acrescentar a isto mantém a obrigatoriedade do uso de máscara em espaços públicos.
...e na Alemanha
A incidência acumulada de covid-19 na Alemanha nos últimos sete dias voltou a subir e está próximo dos 100 novos casos por 100 mil habitantes, nível que, a manter-se, implicará um passo atrás na reabertura da sociedade alemã.
Segundo os dados do Instituto Robert Koch (RKI), atualizados hoje, a incidência situa-se nos 99,9 casos por cada 100 mil habitantes, quando sexta-feira a taxa era de 95,6 e, na quinta-feira, de 90. Há uma semana, a taxa situava-se nos 76,1.
A incidência acumulada de covid-19 na Alemanha nos últimos sete dias voltou a subir e está próximo dos 100 novos casos por 100 mil habitantes, nível que, a manter-se, implicará um passo atrás na reabertura da sociedade alemã.
Segundo os dados do Instituto Robert Koch (RKI), atualizados hoje, a incidência situa-se nos 99,9 casos por cada 100 mil habitantes, quando sexta-feira a taxa era de 95,6 e, na quinta-feira, de 90. Há uma semana, a taxa situava-se nos 76,1.
"Desde 10 deste mês que o aumento do número de novos casos acelerou. O risco de um aumento ainda maior é notavelmente elevado", indica o RKI no relatório diário.
A situação no mundo
A pandemia do novo coronavírus matou pelo menos 2,7 milhões de pessoas no mundo (2 702 004) e provocou mais de 122 milhões de infeções (122 241 510) desde que, em dezembro de 2019, a doença foi revelada, segundo o último balanço feito pela France-Presse (AFP).
Destes mais de 122 milhões de casos de infeção, a grande maioria das pessoas recupera, mas um número ainda não quantificado mantém os sintomas por semanas ou mesmo meses.
Na sexta-feira, foram registadas 10 217 novas mortes e 507 669 novos casos de infeção em todo o mundo, indica o balanço diário da AFP.
Em número total de mortos, os países que detetaram o maior número de novos óbitos nos seus relatórios continuam a ser o Brasil com 2 815 novas mortes, os Estados Unidos (1 649) e o México (613).
Os Estados Unidos são o país mais afetado no número de mortos e de casos de covid-19, com mais de meio milhão (541 143) de mortos para 29.7 milhões de infeções (29 729 999), de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins.
A seguir aos EUA, os países mais afetados pelas infeções são o Brasil (290 314 mortes e 11 871 390 casos), o México (197 219 mortes e 2 187 910 casos), a Índia (159 558 mortes e 11 555 284 casos) e o Reino Unido (126 026 mortos e 4 285 684 casos).
Seja como for, no ratio de total de mortes por milhão de habitantes, estes países estão longe de serem as piores situações do mundo. A República Checa lidera essa tabela e Portugal está em 11º lugar (ver gráfico em baixo), sendo que os países mais letais são todos europeus.

Top 11 dos países mais letais do mundo (número total de mortes por milhão de habitantes)
© Our World In Data
Em termos globais, a Europa totalizava 914.652 mortes para 41.016.331 casos de infeção, hoje às 11:00 TMG (mesma hora em Lisboa), a América Latina e Caribe 737.861 mortes (23.397.782 casos), os Estados Unidos e o Canadá 563.755 mortes (30.655.457 casos).
A Ásia contabilizava 265.368 mortes (16.930.885 casos), o Médio Oriente 109.893 mortos (6.116.658 casos), o continente africano 109.502 mortes (4.090.378 casos) e a Oceânia 973 mortes (34.027 casos).
Desde o início da pandemia, o número de testes realizados aumentou substancialmente e as técnicas de rastreamento e o próprio rastreamento melhoraram, levando a um aumento do número de contaminações declaradas.
No entanto, de acordo com a AFP, o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do real número total de infeções, com uma proporção significativa de casos menos graves ou assintomáticos a não serem recenseados.
Este balanço foi realizado a partir de dados recolhidos pelas delegações da AFP junto das autoridades nacionais competentes e de informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Devido a correções feitas pelas autoridades ou a notificações tardias, o aumento dos números diários pode não corresponder exatamente aos dados publicados no dia anterior, segundo referiu a agência.