O foco foram sobretudo as “férias” que José Sócrates e Fernanda Câncio, outrora “próximos”, fizeram juntos há alguns anos.Em mais uma sessão de julgamento da Operação Marquês (processo cuja figura central é a do antigo primeiro-ministro), Fernanda Câncio, jornalista do DN que manteve uma relação “próxima” com o antigo governante, foi ouvida como testemunha. Aí, o Ministério Público (MP, que a questionou através do procurador Rui Real), procurou perceber quais as relações que manteve com outros arguidos além de José Sócrates, como Henrique Granadeiro (antigo chairman da Portugal Telecom), Ricardo Salgado (banqueiro e antigo presidente do Grupo Espírito Santo) ou até João Perna (ex-motorista de José Sócrates). Mas todo o testemunho - que durou cerca de 30 minutos - se centrou muito nas viagens que Câncio e Sócrates fizeram dentro e fora de Portugal (neste caso, fins de semana).Com o procurador Rui Real a questionar quais os destinos escolhidos para estas viagens. “Várias são do domínio público”, disse a jornalista, garantindo que, além de Sócrates, era comum viajar com os filhos do antigo primeiro-ministro, bem como com Carlos Santos Silva (alegado testa de ferro do ex-governante) e a sua mulher, Inês do Rosário.Isto levou a que o magistrado do MP questionasse a testemunha sobre “quem custeava” estas deslocações. Na resposta, que vincou por várias vezes, Fernanda Câncio disse que “quem convidou” foi sempre o antigo primeiro-ministro e que, por isso, partiu “do pressuposto de que era ele a pagar”. E nestas viagens, viu José Sócrates a transportar consigo montantes em numerário ou a utilizá-los para pagar despesas? “Algumas vezes vi dinheiro a ser usado. Não estava com José Sócrates nas alturas em que pagava coisas. Portanto, não sei se pagava com dinheiro ou não.”No depoimento que fez no Campus de Justiça, a jornalista foi ainda confrontada com declarações de outra testemunha (André Figueiredo, antigo deputado do PS e figura próxima de Sócrates) de que teria tido um papel na angariação de “pessoas para a sessão de apresentação” do livro do antigo primeiro-ministro. “Nunca me contactou, disse que isso tinha acontecido, mas não é verdade. Quando o livro foi apresentado [2013], eu estava em reportagem em Chipre”, asseverou.Em relação ao período que o antigo primeiro-ministro passou em Paris, após sair do Governo, Fernanda Câncio confirmou que visitou José Sócrates na capital francesa em 2012, e que lhe conheceu “apenas” uma casa na cidade. “Vivia num apartamento, na Rua Colonel Bonnet. Disse-me depois que ia mudar de casa, porque aquela ia deixar de estar disponível”, afirmou. E garantiu ainda que não sabia que o senhorio da habitação para onde Sócrates acabou por se mudar era Carlos Santos Silva. “Há uma peça da revista Sábado onde é revelada essa situação. Quando liguei [a Sócrates], exprimi a minha surpresa com esse facto”, concluiu..Operação Marquês. Ex-CEO de Vale do Lobo nega "influência política" no empréstimo da CGD.Ministério Público acrescenta mais um procurador à equipa da Operação Marquês