Novo metrobus do Porto
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Obras da segunda fase do Metrobus avançam segunda. Candidatos falam em provocação e falta de coragem política

A Metro do Porto anunciou que as obras vão arrancar no segmento até ao liceu Garcia de Orta. Pedro Duarte e Nuno Cardoso, candidatos à presidência da Câmara do Porto, questionam o timing da decisão.
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O candidato da coligação “O Porto Somos Nós” (PSD/CDS/IL) à Câmara do Porto, Pedro Duarte, classificou este sábado, 20 de setembro, de “provocação” a decisão da administração da Metro iniciar a segunda fase das obras do metrobus (Boavista - Anémona) já na segunda-feira.

“De forma surpreendente, inesperada e eu diria provocatória” é anunciado o início da segunda fase do metrobus, sem que, concluída a primeira fase, “se veja a circular um veículo”, afirmou numa manifestação de protesto que reuniu dezenas de pessoas, junto ao liceu Garcia de Orta, na Avenida da Boavista, no Porto, contra o arranque das obras da segunda fase deste projeto.

Pedro Duarte esteve numa manifestação de protesto contra o arranque das obras
Pedro Duarte esteve numa manifestação de protesto contra o arranque das obrasJose Gageiro

Pedro Duarte criticou o facto de a decisão ter sido tomada a “seis ou sete dias do fim do mandato desta administração da Metro (dia 29), e também a pouco mais de 20 ou 21 dias de haver um novo executivo camarário”.

“E, portanto, aquilo que estamos aqui a manifestar é que queremos que haja bom senso, não pedimos mais nada, e que acabem com estas jogadas políticas, que manifestamente só visam criar confusão”, disse, garantindo que tentará “impedir que as obras comecem”.

“Mas, se não conseguirmos, podem ter a certeza que no dia a seguir a eu ser eleito presidente da Câmara do Porto, tudo isto vai parar e, com os portuenses, vamos construir uma nova solução diferente para esta zona da cidade”, prometeu.

Em declarações à Lusa, o candidato reforçou a ideia de que iniciar obras neste momento é “uma provocação que visa, talvez, criar alguma turbulência na campanha eleitoral. É uma jogada partidária que para nós é inaceitável. Acho que a Metro do Porto é uma empresa pública que tem, evidentemente, de defender os interesses, neste caso, da cidade, mas de todas as áreas onde ela intervém”.

“E é isso que estamos aqui a apelar, como já fizemos em junho, na altura conseguimos, e estou certo que agora vamos conseguir, mesmo que as obras comecem, nós a seguir vamos reverter esta decisão”, disse.

Nessa altura, após as eleições autárquicas, “já há uma nova administração da Metro do Porto e a relação entre a Metro e a Câmara do Porto mudará radicalmente”.

“Temos de ter bom senso, razoabilidade e não vamos ter motivações partidárias nas decisões que forem tomadas. Portanto, a Metro não vai estar ao serviço de algumas candidaturas ou de alguns interesses partidários, a Metro vai defender os interesses da cidade a partir do momento que houver uma nova administração”, sustentou.

Pedro Duarte acrescentou que, se for eleito, procurará uma “solução técnica para que esta avenida [da Boavista] tenha transporte público”, mas que isso não signifique “prejudicar a vida das pessoas”, não signifique “abater centenas de árvores como está no projeto original e não signifique destruir-se uma zona privilegiada da cidade junto a um parque único que merece, evidentemente, ser preservado”.

Nuno Cardoso fala em falta de coragem política

Nuno Cardoso, tambem candidato autárquico à Câmara do Porto (pela coligação NC/PPM), lamenta igualmente o avanço da segunda fase do metrobus, referindo que há falta de "coragem política de parar a obra e escutar os cidadãos" e criticando o adversário Pedro Duarte.

Em comunicado citado pela Lusa, diz que o adversário, ex-ministro dos Assuntos Parlamentares, "se apresenta como elo de ligação ao Governo" mas "não consegue fazer valer a sua voz nem controlar os seus colegas de Governo, mostrando incapacidade de defender os interesses do Porto".

A candidatura lamenta que, a menos de um mês das eleições autárquicas, continue a avançar uma obra profundamente contestada na cidade: o projeto metrobus".

“Num momento em que diversos candidatos questionam abertamente o impacto e o futuro deste projeto, é lamentável que ninguém tenha tido a coragem política de parar a obra e escutar os cidadãos”, sublinha Nuno Cardoso, citado no comunicado.

O candidato à Câmara do Porto (e presidente da autarquia entre 1999 e 2001) "propõe a realização de um debate público, envolvendo a sociedade civil, especialistas e cidadãos, para decidir de forma democrática qual deve ser o futuro do metrobus".

Segundo Nuno Cardoso, "o Porto merece ser ouvido" e "o que está em causa não é apenas uma obra, é o modelo de mobilidade e de desenvolvimento que a cidade deseja para o seu futuro".

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Obras no segmento até liceu Garcia de Orta

As obras da segunda fase do metrobus do Porto (Boavista - Anémona) vão arrancar na segunda-feira, mas apenas no segmento até ao liceu Garcia de Orta, anunciou na quinta-feira a Metro do Porto, que garante ausência de impacto no trânsito.

"A obra decorre, apenas, no corredor bus dedicado e central da Avenida da Boavista, no troço compreendido entre a rua Jorge Reinel (junto ao Colégio do Rosário) e a Avenida do Dr. Antunes Guimarães e entre esta e a Rua Miguel Torga (na zona da Escola Garcia de Orta)", pode ler-se num comunicado da Metro do Porto enviado às redações.

"Em paralelo com o avanço desta empreitada da ligação Boavista – Anémona, a Metro do Porto está a trabalhar em alterações ao projeto que vão ao encontro dos objetivos pretendidos pela Câmara Municipal do Porto", garante ainda a empresa.

A solução alternativa proposta pela Câmara do Porto para a segunda fase do metrobus poupa o abate direto de 86 árvores, mas pode prejudicar o tempo de viagem anunciado, segundo dados da Metro do Porto facultados à Lusa.

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