Morte de Odair Moniz. Advogado de agente da PSP disse que havia "uma arma branca no local"
O agente da PSP que baleou mortalmente Odair Moniz no bairro Cova da Moura, na Amadora, na madrugada de 21 de outubro, esteve esta quarta-feira do DIAP regional de Lisboa para ser ouvido pelo Ministério Público (MP).
De acordo com o jornal Expresso, a diligência terá sido realizada pela procuradora Patrícia Agostinho.
À saída do Campus da Justiça, o advogado do agente da PSP referiu que o processo está sem segredo de justiça e não esclareceu se o seu constituinte prestou declarações ao MP.
"O processo está em segredo de justiça. A única coisa a que tivemos acesso foram as declarações prestadas pelo mesmo perante a Polícia Judiciária (PJ), que era o que tinha sido pedido pela defesa e pouco mais", disse aos jornalistas Ricardo Serrano Vieira.
Questionado sobre se existe uma divergência em relação ao depoimento prestado à PJ e o auto da ocorrência, nomeadamente sobre a existência ou não de uma arma branca, o advogado afirmou: "O que posso dizer, não violando o segredo de justiça e o segredo profissional, é que efetivamente há uma arma branca no local, não posso dar mais informação".
Ricardo Serrano Vieira não entrou em detalhes sobre o processo. "Posso apenas confirmar que está presente no local uma arma branca", repetiu o advogado, confirmando que o agente ainda se encontra de baixa.
Recorde-se que a Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou Odair Moniz foi constituído arguido por homicídio simples.
Sobre os próximos passos, o advogado do agente da PSP disse que "compete agora à investigação fazer as diligências que entender". "Estamos, provavelmente, na fase de recolher depoimentos de testemunhas, relatórios periciais e, no final, se for necessário, viremos cá para algum interrogatório complementar. O arguido também pode requerer interrogatório complementar quando tiver acesso ao processo, que ainda não teve", afirmou.
Refira-se ainda que o procurador-geral da República revelou ter pedido celeridade na investigação à morte de Odair Moniz, que desencadeou uma série de desacatos na Área Metropolitana da Lisboa. Amadeu Guerra disse ainda ter pedido rapidez nas perícias da Polícia Judiciária (PJ) e do Instituto Nacional de Medicina Legal sobre este caso.
O cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois no hospital.
Na sequência da sua morte, registaram-se tumultos em bairros da Grande Lisboa durante várias noites. sendo que o mais grave foi o que envolveu um autocarro incendiado, tendo deixado o motorista gravemente ferido.
Com Lusa