Morreu o general Garcia dos Santos, capitão de Abril e antigo chefe do Estado-Maior do Exército. Tinha 89 anos
Morreu esta sexta-feira, 4 de julho, aos 89 anos, o general Amadeu Garcia dos Santos, militar de Abril e antigo chefe do Estado-Maior do Exército. A informação foi avançada pelo Correio da Manhã, que cita fontes militares.
O óbito do capitão de Abril foi confirmado por fonte oficial do Exército à Lusa, dando conta que o general morreu na sua casa.
Amadeu Garcia dos Santos foi secretário de Estado nos primeiros Governos Provisórios, liderados pelo primeiro-ministro Vasco Gonçalves, chefe do Estado-Maior do Exército e presidente da ex-Junta Autónoma de Estradas (JAE).
Garcia dos Santos foi um dos militares que esteve envolvido nas operações que culminaram no 25 de Abril, de 1974, tendo responsável, na altura, pelas transmissões. Foi exonerado do cargo de chefe de Estado-Maior do Exército por Mário Soares em 1983.
Marcelo expressa "enorme tristeza". "Portugal perdeu uma referência" do 25 de Abril
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do general Garcia dos Santos e afirmou que Portugal perdeu uma referência do 25 de Abril, no seu momento inicial e na consolidação da democracia.
Através de uma mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa expressou "enorme tristeza" pela morte de Garcia dos Santos e enviou "nesta hora difícil, as sentidas condolências" à família do general.
"Portugal perdeu uma referência do momento inicial e do avanço para a consolidação do 25 de Abril e da então democracia nascente", afirmou o chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas.
Nesta nota, refere-se que o general Garcia dos Santos "constituiu-se como uma das figuras fundamentais do 25 de Abril e, mais tarde, no exercício de altos cargos militares", tendo sido chefe da Casa Militar do primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril e chefe do Estado-Maior do Exército, "servindo dedicadamente a instituição militar.
Montenegro enaltece “legado militar e cívico de grande valor”
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, enalteceu o “legado militar e cívico de grande valor” do antigo chefe do Estado-Maior do Exército e militar de Abril.
“O General Amadeu Garcia dos Santos, antigo Chefe de Estado Maior do Exército e Militar de Abril, deixa-nos um legado militar e cívico de grande valor, marcado pelo amor à Pátria e pelo serviço a Portugal”, lê-se numa publicação na sua conta oficial na rede social ‘X’ (antigo Twitter).
O chefe do executivo português endereça “sentidas condolências” à família e amigos em seu nome e do Governo português.
Exército recorda “um dos seus mais notáveis soldados”
O Exército manifestou “profunda consternação” pela morte do capitão de Abril Amadeu Garcia dos Santos, recordando-o como “um dos seus mais notáveis soldados”.
Em comunicado, o ramo lamenta a morte do antigo Chefe do Estado-Maior do Exército e endereça à família e amigos “as mais sentidas condolências”.
“O Exército está de luto por ter deixado de contar com um dos seus mais notáveis Soldados. A sua vida e o seu legado justificam um profundo reconhecimento e perene respeito pela sua memória, constituindo fator de motivação e orgulho para todos os que servem nesta secular Instituição”, lê-se no texto.
Funeral realiza-se na segunda-feira
De acordo com o ramo, o velório será no domingo (6 de julho) entre as 16:00 e as 23:00, na capela da Academia Militar, em Lisboa.
Na segunda-feira (7), o velório será retomado às 10:00, seguido da missa de Corpo Presente pelas 11:00. Posteriormente, o cortejo fúnebre seguirá para o Cemitério do Alto de São João, onde o corpo será cremado às 13:00.
Garcia dos Santos foi um dos seis oficiais das Forças Armadas que comandaram o golpe militar de 25 de Abril de 1974.
No governo do PS de António Guterres, Garcia dos Santos presidiu à Junta Autónoma das Estradas (JAE), da qual saiu após denunciar casos de corrupção.
Foi chefe do Estado-Maior do Exército entre 1982 e 1983.
Foi secretário de Estado das Obras Públicas no II, III e IV Governos Provisórios, liderados pelo primeiro-ministro Vasco Gonçalves.