Morreu, aos 88 anos, o antigo primeiro-ministro e fundador do Grupo Impresa, Francisco Pinto Balsemão, avança a SIC.A notícia da morte foi também transmitida pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, durante o Conselho Nacional do partido, sendo audíveis aplausos na sala..Francisco Pinto Balsemão. "Injustiçado" porque "os outros são, por natureza, ingratos".Quase à mesma hora, em comunicado, a Impresa, grupo de comunicação social que fundou, informou que Francisco Pinto Balsemão morreu "de causas naturais" e que "os seus últimos momentos foram acompanhados pela família".Pinto Balsemão havia sido condecorado pelo Presidente da República a 1 de setembro, no dia em que comemorou o 88.º aniversário, com a Grã-Cruz da Ordem de Camões. Se na área dos media fundou órgãos de referência como Expresso (em 1973) e SIC (em 1992), na política fundou o PPD (atual PSD) ao lado de Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota.Pinto Balsemão nasceu a 1 de setembro de 1937, na Casa de Saúde das Amoreiras, e foi registado na freguesia de Santa Isabel, em Lisboa.Filho do empresário Henrique Patrício Pinto de Balsemão e de Maria Adelaide Van Zeller Castro Pereira, descendente de D. Pedro IV, cresceu no seio de de uma família da alta burguesia com raízes na Guarda..O fim da era Balsemão .Era casado com Mercedes Presas Balsemão, pai de cinco filhos - Mónica, Henrique, Francisco Maria, Joana e Francisco Pedro –, avô de catorze netos e tinha um bisneto.Estudou no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, e licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Cumpriu o serviço militar na Força Aérea Portuguesa, onde entre 1961 e 1963 foi chefe de redação do meio de informação oficial da instituição, a revista Mais Alto.Ao mesmo tempo que exercia a atividade de advogado, iniciou a carreira de jornalista no Diário Popular, detido maioritariamente pelo seu tio, Francisco Balsemão, tendo ocupado os cargos de secretário da direção (de 1963 a 1965) e administrador da empresa do jornal (1965 a 1971).Entre 1969 e 1973 exerceu funções como deputado independente na Assembleia da República, integrando a chamada "Ala Liberal". No ano em que entrou no parlamento também lançou o seu primeiro livro, “Mentalização para a Eficiência”.A 6 de janeiro de 1973 lançou o semanário Expresso, do qual foi diretor até 1980, tendo assumido a presidência do Conselho de Administração da empresa proprietária da publicação. A 6 de maio do ano seguinte, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (PPD), atual Partido Social Democrata (PSD), do qual era até agora o militante número 1.Foi deputado à Assembleia Constituinte em 1975, assumindo a sua vice-presidência. Também integrou a comissão que elaborou a Lei de Imprensa de 1975, a primeira após o 25 de Abril.Posteriormente, em 1979 e 1980, foi eleito Deputado à Assembleia da República, pelo círculo do Porto.Em 1980 assumiu as funções de ministro de Estado Adjunto do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro. Após a morte do líder do Governo, assumiu a liderança do executivo entre janeiro de 1981 e junho de 1983, em mandatos marcantes na preparação de Portugal à CEE, nomeadamente através da revisão constitucional de 1982, acordada com o socialista Mário Soares e que remeteu de vez os militares para os quartéis, acabando com o Conselho da Revolução e criando o Tribunal Constitucional. Nesse período apanhou Ramalho Eanes como Presidente da República, com o qual teve uma relação "pendular". Paralelamente, assumiu as funções de presidente do PSD em 1981.Em 1987 tornou-se professor associado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, cargo que ocupou até 2002. No mesmo ano lançou o Prémio Pessoa, importante galardão nas áreas da ciência e da cultura. A 6 de outubro de 1992 lançou a SIC, o primeiro canal de televisão privado em Portugal e uma estação televisiva que nos anos seguintes lançou canais temáticos como SIC Notícias, SIC Radical ou SIC Mulher. Pinto Balsemão recebeu Doutoramentos Honoris Causa pela Universidade Nova de Lisboa, Universidade da Beira Interior e Universidade Lusófona.No dia 25 de abril de 2011 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal.Mais recentemente, lançou em 2021 o livro Memórias, que teve quatro edições e se tornou num dos livros de biografias/memórias de autores portugueses mais vendidos de sempre em Portugal. Nele criticou dezenas de pessoas, entre as quais Freitas do Amaral e João Rendeiro, elogiou outras, como Mário Soares, e fez revelações surpreendentes, como o tempo que demorou a reconhecer o filho Francisco Maria, fruto de uma relação extra conjugal com Isabel Supico Pinto. Dois anos depois, criou o podcast Deixar o Mundo Melhor, por ocasião das comemorações dos 50 anos do Expresso, no qual entrevistou 50 personalidades marcantes de diversos setores da sociedade. Seguiram-se mais dois podcasts: o IA – A próxima vaga em 2024, com debates sobre o impacto atual e futuro da Inteligência Artificial; e um com a leitura do seu livro “Memórias”, com o auxílio de inteligência artificial.