Ministro de Lula é acusado de assédio sexual contra outra ministra
Miguel SCHINCARIOL / AFP

Ministro de Lula é acusado de assédio sexual contra outra ministra

Sílvio de Almeida, titular do ministério dos Direitos Humanos, vai explicar-se ao Planalto após denúncias de Anielle Franco, da pasta da Igualdade Racial, entre outras mulheres. "Mentiras", afirma ele.
Publicado a
Atualizado a

Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo de Lula da Silva, foi denunciado à organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres, entre as quais a colega de governo Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.

O Palácio do Planalto divulgou uma nota a dizer que o ministro foi chamado a dar explicações sobre denúncias de assédio sexual contra, entre suas vítimas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. “O ministro Silvio Almeida foi chamado esta noite a prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União [CGU], Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, por conta das denúncias publicadas pela imprensa contra ele”.

A Comissão de Ética da Presidência da República também decidiu abrir um procedimento de apuração e o próprio ministro informou que irá encaminhar ofício à CGU, ao Ministério da Justiça e à Procuradoria Geral da República para que investiguem o caso.

Lula reuniu-se na madrugada, em Portugal, de sexta-feira, dia 6, com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o advogado-geral da União, Jorge Messias e e o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, para discutir o tema.

A primeira-dama Janja da Silva publicou foto nas redes sociais em que beija a testa de Anielle Franco, que é irmã da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. 

A notícia foi inicialmente divulgada pelo jornal Metrópoles que afirma ter ouvido 14 pessoas, entre ministros, assessores do governo e amigos de Anielle Franco sobre os supostos episódios de assédio, que incluiriam toque nas pernas da ministra, beijos inapropriados ao cumprimentá-la, além de o próprio Silvio Almeida ter, alegadamente, dirigido à colega de governo expressões com conteúdo sexual. Todos os episódios teriam ocorrido no ano passado.

Em nota, a organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico.

“Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, diz o organização em comunicado.

“Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter as suas vozes ouvidas. Devido a isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado”.

“A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, económica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados por instituições ou redes de influência”, prossegue a nota.

“Além disso, a exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça”.

Sílvio de Almeida também já se manifestou. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de um ano de idade, no meio da luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirmou.

“Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os factos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas (...) sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício”.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt