Os sindicatos médicos voltam ao Ministério da Saúde para nova ronda de reuniões, a partir do dia 16 de outubro, as primeiras depois da apresentação do Orçamento do Estado para 2026 e, segundo refere a convocatória enviada, para "negociação coletiva no âmbito da carreira médica", mas sem mais qualquer informação. No entanto, tanto a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) como o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirmam ao DN que eles próprios vão levar temas para discussão. Do lado da tutela, o DN apurou que na discussão pode entrar algumas das novas medidas que pretendem que sejam implementadas, como a criação de urgências regionais e as novas regras para tarefeiros, as quais podem envolver matérias que necessitam do acordo dos profissionais.No comunicado enviado às redações, a Fnam confirma que o Ministério da Saúde convocou a estrutura para uma reunião de "negociação coletiva no âmbito da carreira médica" no dia 16 de outubro, pelas 10:15, mas sem “envio prévio de ordem de trabalhos ou qualquer proposta de diploma legislativo, contrariando as boas práticas da negociação coletiva e a boa-fé negocial”.O secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, cuja reunião está marcada para as 9:00 deste mesmo dia, confirmou ao DN não haver “ordem de trabalhos definida”, mas que “nós próprios propusemos vários temas para discussão”, sendo que o tema principal “é a alteração do sistema de avaliação, o SIADAP”, que no caso dos médicos não está sequer em vigor..FNAM recorrerá à PGR e aos tribunais se Ministério da Saúde não voltar à negociação. A Fnam, e já que a reunião vai acontecer numa altura em que considera que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “vive num contexto de risco de colapso” e em que “os médicos do SNS exigem condições dignas e salários justos”, propôs os seguintes temas de discussão: “Reposição do horário semanal de 35 horas; Recuperação do poder de compra, face à aproximação dos salários médicos ao salário mínimo nacional; Reintegração do internato na carreira médica; Recuperação de dias de férias perdidos; Melhoria da formação contínua; Fortalecimento das medidas de apoio à parentalidade”. Segundo a Fnam, medidas que, “muitas delas, não têm impacto orçamental, e que permitiriam aos médicos conciliar a vida profissional, pessoal e familiar, valorizando a carreira médica e contribuindo para a sustentabilidade do SNS”.No comunicado, a Fnam alerta ainda para o facto de o SNS atravessar “uma crise sem precedentes”, com “unidades de saúde encerradas, serviços de urgência sobrelotados e já com 63 bebés nascidos em ambulâncias ou na rua, desde janeiro”, acrescentando: “De Chaves ao Algarve, grávidas, crianças e idosos percorrem dezenas de quilómetros para aceder a cuidados médicos essenciais.”A Fnam espera ainda que este encontro “marque o momento em que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, abandone a postura de bloqueio e assume o diálogo sério que permita aos médicos exercer a sua profissão com dignidade, em vez de continuarem a ser empurrados para fora do SNS”, exigindo que seja assumido um “compromisso e uma ação imediata”, porque “a sobrevivência do SNS depende de médicos motivados e valorizados”.Recorde-se que após um verão de “pressão” nas urgências, sobretudo na área de Ginecologia/Obstetrícia, nomeadamente na região da Península de Setúbal, a ministra anunciou no Parlamento, aos deputados, estar a ser preparada legislação que permita a criação de urgências regionais, as quais seriam discutidas com os sindicatos dos médicos, e até novas regras para a contratação de tarefeiros, mas até agora tais diplomas não foram sequer divulgados.