A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, será chamada ao Parlamento pelo partido Livre para explicar o encerramento inesperado, este fim de semana, da urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, o único que assegurava este serviço na Margem Sul.Em declarações à Lusa, o porta-voz do Livre, Rui Tavares, confirmou a intenção de ouvir a governante. "A ministra tem que vir dar explicações, necessariamente chamá-la-emos ao parlamento, mas sem enormes esperanças de que ela seja capaz de resolver qualquer coisa, porque já percebemos que ela é mais da retórica política do que das soluções no terreno", criticou.Rui Tavares reagia com "muita exasperação" à notícia do encerramento, afirmando que, ao contrário do que a ministra e o primeiro-ministro prometeram, "na saúde as coisas estão a ficar piores". O deputado acrescentou que o seu partido tem recebido relatos de cidadãos do distrito de Setúbal que descrevem a situação no setor como "muito grave", defendendo ainda a urgência da construção do Hospital do Seixal como a solução a médio e longo prazo.O Ministério da Saúde justificou o fecho da urgência com a "indisponibilidade" de última hora dos médicos prestadores de serviços que asseguravam o funcionamento do serviço. Em comunicado, a tutela informou que "todas as utentes estão a ser dirigidas para os hospitais de Lisboa" e que a Direção Executiva do SNS está a acompanhar a situação para garantir o atendimento em segurança..Médicos tarefeiros faltaram no Garcia de Orta e Península de Setúbal ficou sem urgências de Obstetrícia.Do lado do Bloco de Esquerda, o dirigente Fabian Figueiredo considerou "representativo da política deste Governo o facto de a única urgência na margem sul ter fechado no dia em que o Governo assinalou 100 dias da sua governação". Para o bloquista, o que se assistiu neste período foi a uma "degradação do Serviço Nacional de Saúde", com o aumento do número de utentes sem médico de família e uma resposta global que "hoje está pior".