A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, iniciou ontem um périplo pelo país para visitar várias Unidades Locais de Saúde (ULS) com o objetivo de “conhecer detalhadamente” a resposta destas “desafios acrescidos que se verificam nesta época do ano, nomeadamente no que respeita à resposta às doenças sazonais, à gestão das urgências e à coordenação entre os diferentes níveis de cuidados”. Ana Paula Martins começou pela ULS do Algarve e disse ter visitado “urgências” que “têm uma organização das melhores do mundo”, embora tenha reconhecido que o dia da visita, uma segunda-feira, seja dos que registam quase sempre “maior pressão”. Mesmo assim, a ministra nada referiu que tivesse visto e que tivesse de ser alterado. O mesmo já não aconteceu quando, à margem da visita foi confrontada pelos jornalistas com os dados revelados na semana passada pelo RADIS, Relatório de Atividade, Desempenho e Impacto na Saúde, sobre a Linha SNS24, que até setembro deixou por atender cerca de um milhão e meio de chamadas. “O número é obviamente muito elevado”, assumiu Ana Paula Martins, mas contra argumentando com o facto de ter havido um aumento de 1,8 milhões de chamadas, em relação ao ano passado no mesmo período, totalizando já em quatro milhões o número de chamadas. A ministra garantiu que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) - organismo que detém a gestão desta linha - está a reforçar os seus recursos. No entanto, assumiu, igualmente, que nem todos os constrangimentos “estão ultrapassados”. Recorde-se que, na sexta-feira, dia 14, um grupo de 30 personalidades da Saúde e da sociedade civil subscreveram um Manifesto crítico em relação às medidas, como a Linha SNS24 e o programa Ligue Antes, Salve Vidas, se ter tornado a porta de acesso ao Serviço nacional de Saúde (SNS), dizendo que tal está a afastar os cuidados dos utentes. Ana Paula Martins, que falava aos jornalistas à margem da visita ao Hospital do Portimão, reconheceu que o tempo de espera para atendimento dos utentes já é superior a três minutos e que “é necessário chegar ao inverno com melhores níveis de atendimento”.Na mesma visita, e, mais uma vez confrontada pelos jornalistas com o facto de haver falta de vacinas para a gripe em alguns centros de saúde, a ministra garantiu “não haver falta de vacinas”, sublinhando “não estar em causa” que um cidadão queira levar a vacina ou precisar de a levar e de não a ter neste momento: “Isso está absolutamente fora de causa”. No entanto, admitiu que possam existir algumas unidades com ‘stocks’ reduzidos devido à vacinação “feita em grande escala”. “Temos vacinas que cheguem para as pessoas que têm que se vacinar e sobretudo, para aqueles que mais nos preocupam, que têm mais risco, que são os mais seniores, nomeadamente acima dos 85 anos”, disse Ana Paula Martins, explicando que tal situação pode acontecer em centros de saúde que estejam a finalizar o ‘stock’, mas que noutros “podem existir excedente de vacinas”, levando a que seja feita uma redistribuição das vacinas pelas unidades de Saúde. De acordo com as informações de que dispõe do processo de vacinação, que diz estarem a ser acompanhados pela Direção Executiva do SNS e pela Direção-Geral da Saúde “a vacinação está a ser feita a uma velocidade bastante grande e em grande escala, querendo atingir os níveis de 85% do ano passado, sendo natural que em alguns centros de saúde possam estar “de facto em ‘stocks’ reduzidos”.A titular da pasta da Saúde continua esta terça-feira, dia 18, com o périplo pelas ULS, com visitas às ULS do Baixo Alentejo (Beja) e do Alentejo Central (Évora). Além das visitas aos serviços de urgência, o objetivo de Ana Paula Martins vai reunir com os conselhos de administração e com os profissionais de saúde para “discutir medidas concretas de reforço dos recursos humanos e materiais, bem como estratégias de articulação entre os cuidados primários, hospitalares e continuados, de forma a garantir uma resposta integrada e eficiente às necessidades de população”, refere o comunicado em que anuncia esta sua atividade..Esgotaram as vacinas da gripe de dose elevada. Há 25% de idosos a partir dos 85 anos à espera