"Cada profissão tem o seu papel único e insubstituível. O futuro da saúde materna em Portugal não pode assentar em soluções de substituição".Esta frase espelha a contestação do Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar da Ordem dos Médicos à possibilidade noticiada recentemente de que os enfermeiros podem vir a seguir grávidas de baixo risco.A ideia partiu, recentemente, da Ordem dos Enfermeiros, que, assim, defendia uma possibilidade de haver esse acompanhamento a mulheres que não têm médico de família.A resposta da Ordem dos Médicos surgiu na manhã desta sexta-feira (3 de outubro) num comunicado em que expressa o desacordo com a possibilidade e frisa que "importa refletir de forma séria e responsável sobre as soluções a adotar".O Colégio lembra que "os indicadores de saúde materna e infantil em Portugal conheceram uma melhoria notável com a progressiva diferenciação da Medicina Geral e Familiar, desde a sua criação como Especialidade, cuja atuação próxima, contínua e qualificada foi determinante na melhoria da vigilância da gravidez e indicadores de mobilidade e mortalidade". E defende que "perante este quadro, importa refletir de forma séria e responsável sobre as soluções a adotar", acrescentando não ter tido acesso à proposta da Ordem dos Enfermeiros.No documento frisa que, apesar da "relevância e competência destes profissionais [enfermeiros especialistas], estas competências não dispensam a necessidade de acompanhamento pelo médico de família e equipa de saúde familiar”.Em vez de atribuir a responsabilidade de acompanhamento de grávidas de baixo risco a enfermeiros, a Ordem dos Médicos enumera os quatro pontos que considera merecerem atenção: "O reforço dos recursos humanos nos CSP, com contratação e implementação de medidas para retenção de Médicos de Família e Enfermeiros de Família"; "A melhoria da integração multidisciplinar, com enfermeiros de família e outros profissionais, otimizando as competências de cada um e aumentando a eficiência operacional, sempre com o Médico de Família como coordenador da vigilância clínica. A vigilância deverá ser efetuada de forma partilhada e complementar, sem duplicações, promovendo uma maior eficiência do sistema como um todo. Esta integração, dependendo das particularidades locais, pode fazer se com ratios de profissionais variáveis, desde que assegurada a segurança dos cuidados prestados a todas as famílias"; "A garantia da equidade na segurança e no acesso a consultas e a Exames Complementares de diagnóstico dos cuidados prestados a todas as grávidas e suas famílias" e a "aposta na inovação digital e telemedicina, para aproximar cuidados, reduzir desigualdades geográficas e assegurar apoio especializado em tempo real". .Hospital de Loures inicia consultas de obstetrícia realizadas só por enfermeiros