A Polícia Judiciária (PJ) continuou com as investigações da operação Gambérria, que combate a imigração ilegal e deteve, em maio, 13 pessoas, entre elas, uma técnica do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). Na quarta-feira, 01 de outubro, foi detido mais um indivíduo suspeito de integrar o esquema criminoso. A PJ não avançou com nacionalidades, mas o DN apurou que se trata de um cidadão brasileiro, sem antecedentes criminais conhecidos em Portugal e com título de residência. Com o suspeito, que ficou em prisão preventiva, foi apreendido "um enorme acervo de documentação utilizada em processos de legalização irregular de estrangeiros", que agora será analisado pela PJ. Em entrevista ao DN, o coordenador de investigação criminal Carlos Chambel detalha que alguns dos objetos apreendidos indicam que a pessoa em questão "pode estar envolvida em outras atividades ilícitas".A PJ crê que o indivíduo estava a construir uma pistola metralhadora com peças de metal. "Encontrámos diversas peças em posse dele que mostram o plano de construção da sua própria metralhadora e já estava a começar a construir", conta Chambel ao DN.Além disso, foram apreendidas uma pistola calibre 7,65 mm, munições, dois pares de algemas, um carro, coletes táticos e um detetor de metais, além de equipamentos definidos pelo coordenador de investigação criminal como "sofisticados". É o caso de máquinas para clonagem de cartões de crédito, inibidores de sinais, equipamentos para cortes de eletricidade e para abrir portas de carros, inclusicamente "equipamentos eletrónicos para copiar/captar códigos de segurança para abertura remota"."Uma esquema muito grande"Segundo Carlos Chambel, o esquema criminoso é "muito grande" e movimentou "dezenas de milhões de euros". Somente com a técnica do MNE, detida em maio, foram apreendidos 800 mil euros. A investigação decorre desde setembro de 2023.Ainda de acordo com Chambel, os envolvidos são tanto cidadãos estrangeiros quanto cidadãos portugueses, inclusive empresários. Com o fim das manifestações de interesse, em junho do ano passado, os criminosos passaram a encontrar outros meios para operar.Um deles foi através de contratos de trabalho falsos. "Eles rapidamente mudaram o esquema e, agora, o processo de legalização é tratado nos territórios de origem, enviam as tais promessas de contrato de trabalho, ou os contratos de trabalho falsificados, com base em empresas que não existam, ou então em empresas que estão insolventes", explica ao jornal.Sobre os imigrantes clientes deste esquema, o coordenador de investigação criminal destaca um facto curioso. "Os valores cobrados dependiam da nacionalidade. Para pessoas de África, por exemplo, pagavam à volta de dois mil euros, um brasileiro até menos, mas para cidadãos do Bangladesh cobravam até 15 mil euros", revela Chambel.Sobre a primeira fase da operação, sete pessoas continuam atrás das grades em prisão preventiva. Entre elas, a técnica do MNE, explica o responsável pela investigação.O coordenador não confirma se novas ações podem ser deflagradas. Ao mesmo tempo, adianta que vai depender do que for encontrado nas provas apreendidas, nomeadamente os equipamentos informáticos e documentos. "São investigações muito dinâmicas, implicam análise da informação digital que decorre das buscas, e nós temos a possibilidade de ter que avançar para outros efeitos de segurança", explica. A coordenação deste inquérito é Diretoria do Centro, em Coimbra.amanda.lima@dn.pt.Rede de imigração ilegal. Detidas 13 pessoas, uma é técnica superior do MNE