Incidência dispara em dia com 1604 novas infeções em Portugal
Dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) mostram que foram registados 1604 novos casos de covid-19 em Portugal nas últimas 24 horas. Morreram mais duas pessoas devido à infeção pelo novo coronavírus, indica ainda o relatório epidemiológico desta sexta-feira (25 de junho) no dia em que entra em vigor a proibição de circulação de e para a Área Metropolitana de Lisboa, com exceção para quem tenha um certificado digital ou um teste negativo.
A região de Lisboa e Vale do Tejo mantém-se como a mais preocupante, com dois mortos e um total 1049 novos casos de infeção em 24 horas. Na região norte também se registou uma subida em relação ao dia anterior, com 239 casos, seguindo-se o Algarve com 159, o Centro com 120 e o Alentejo com 31 novas infeções. Madeira contabilizou novos 5 casos e os Açores apenas um.
Há agora 431 pessoas com covid-19 internadas, mais quatro que no dia anterior, sendo que 108 estão em unidades de cuidados intensivos, ou seja mais duas que na quinta-feira.
A atualização da martiz de risco por parte da DGS apresenta uma nova subida, estando Portugal cada vez mais em zona vermelha. Assim, a incidência atingiu no continente os 138,7 casos de infeção por 100 mil habitantes, quando era de 129,6 na anterior atualização. Em todo o território nacional a incidência subiu de 128,6 para os 137,5 casos por 100 mil habitantes.
Por sua vez, o R(t) sofreu uma ligeira diminuição sendo agora de 1,15 no continente e de 1,14 em todo o território nacional.
O boletim indica ainda mais 857 pessoas recuperadas, sendo que há mais 2687 contactos em vigilância, que totalizam 823 960.
Portugal soma agora 30 442 casos ativos da doença, indicam os dados atualizados da DGS, numa altura em que a variante Delta, associada à Índia, está a gerar preocupação em vários países, além de Portugal.
Especialistas deixam mesmo um alerta: esta variante do SARS-CoV-2, vírus responsável pela covid-19, pode ter uma repercussão e larga escala no verão.
Vários países como a Indonésia, Portugal, Rússia ou Israel sofrem um recrudescimento de novos casos, pelo menos em parte ligados à propagação da variante Delta, que está presente em, pelo menos, 85 países, segundo a OMS.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) calcula que a variante deverá representar 70% das novas infeções na União Europeia até ao início de agosto e 90% até ao final desse mês.
Perante esta realidade, os líderes europeus defendem que é necessária "coordenação" para fazer frente ao risco crescente de propagação de variantes. "Estamos preocupados com a variante Delta, e defendo uma abordagem ainda mais coordenada, especialmente no que diz respeito a viagens de regiões onde as variantes estão a espalhar-se", defendeu a chanceler alemã, Angela Merkel.
Já esta sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reconheceu que a União Europeia está "preocupada" com a variante Delta do vírus responsável pela covid-19, apelando à manutenção dos gestos barreira e à vacinação.
"Até ao final da semana, quase 60% dos adultos na União Europeia terão recebido pelo menos uma dose [de vacina anti-covid], e teremos quase 40% [da população] completamente vacinada. É um grande passo em frente, mas é também necessário, porque estamos preocupados com a variante Delta", salientou a presidente do executivo comunitário.
"E precisamos de vacinar, vacinar, vacinar: é a melhor estratégia contra estas variantes", salientou Von der Leyen.
E nesta estratégia de vacinação contra a covid-19, a task force responsável pelo processo de em Portugal participou à Polícia Judiciária e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS) um caso de alegada vacinação indevida de utentes no Porto, revelou o coordenador do plano.
A ARS Norte abriu processo de inquérito "aos factos que eventualmente tenham sido cometidos".
O caso aconteceu na quinta-feira. "Tentámos recolher dados, em duas, três horas, e mal tivemos o mínimo de confirmação, fizemos uma participação ao nosso contacto com a Polícia Judiciária e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde e falei com o presidente da ARS Norte para que não voltasse a acontecer se tirassem consequências, porque, para todos os efeitos, é um ato de indisciplina", disse Gouveia e Melo, coordenador do plano de vacinação.
António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, não quis pronunciar-se esta sexta-feira sobre um caso de alegada vacinação indevida, no Porto, por ainda desconhecer o que aconteceu, mas admitiu que o processo "possa correr menos bem".
"Não conheço o caso na sua especificidade", disse, admitindo que, por ser "um processo muito complexo do ponto de vista logístico e operacional, é natural que pontualmente e em determinadas circunstâncias possa correr menos bem".