Em 24 horas registaram-se em Portugal cerca de 47 mil descargas elétricas, o que constitui, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, “um evento com um grau de excecionalidade”.A página do IPMA dava conta às 13:00 de um total de 47.676 descargas elétricas atmosféricas (DEA) registadas nas últimas 24 horas pela sua rede de detetores no território continental e áreas oceânicas adjacentes.“Pode-se dizer que este é um evento com um grau de excecionalidade”, referiu Pedro Sousa meteorologista do IPMA, acrescentando tratar-se de “um valor que não é muito comum” para a zona.“Não acontece certamente todos os anos haver um evento com esta magnitude e com esta frequência de descargas elétricas”, adiantou.O meteorologista indicou, no entanto, que o número de raios contabilizado também inclui descargas ocorridas em Espanha.A contabilização é feita a partir da rede de deteção e localização de descargas elétricas atmosféricas do IPMA em Portugal Continental, instalados em Viana do Castelo, Bragança, Castelo Branco, Santa Cruz e Olhão, adiantou à Lusa fonte do Instituto..Segundo avança a Rádio Renascença, pelas 11h00, cerca de 45 mil clientes estão sem acesso a eletricidade na sequência do mau tempo, sendo Santarém, Portalegre e Castelo Branco as regiões mais afetadas.Às 12h00, segundo um balanço da E-Redes à Lusa, havia cerca de 25 mil clientes sem eletricidade e 500 operacionais mobilizados no terreno, esperando “resolver rapidamente todos os constrangimentos”. .Mau tempo deixou 60 mil clientes da E-Redes sem eletricidade. Às 12h00 ainda estavam sem luz cerca de 25 mil.A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou 784 ocorrências entre as 00:00 e as 12:00 desta quarta-feira relacionadas com a chuva e vento fortes, disse à Lusa o oficial de operações José Costa.“Foram 435 inundações, 163 quedas de árvore, 77 limpezas de via, 76 quedas de estruturas e 31 movimentos de massa, ou seja, quedas de pedras e terras, e também um salvamento aquático”, especificou.De acordo com José Costa, a região de Lisboa e Vale do Tejo foi a mais afetada, com 409 ocorrências, seguida da região centro (191), norte (132) e Alentejo (52).Relativamente ao salvamento aquático, o responsável referiu que ocorreu na Praia do Sul, na Ericeira (concelho de Mafra), tendo sido “duas pessoas foram retiradas do mar e transportadas ao hospital com ferimentos leves”.José Costa adiantou ainda que houve uma pessoa a ficar desalojada em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, devido a danos na habitação.Para dar resposta a estas ocorrências foram empenhados 2.841 operacionais e 984 meios terrestres em todo o país.“Mantêm-se os avisos meteorológicos em vigor, mas, ao que parece, as coisas estão a melhorar, ou melhorando progressivamente, mas ainda temos um conjunto de avisos meteorológicos de precipitação, vento, trovoada e agitação marítima até ao fim do dia”, apontou.Portugal continental está a ser afetado por uma superfície frontal fria de atividade moderada a forte, provocando chuva, trovoadas e vento, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).“Na sub-região de Lisboa foram registadas 65 ocorrências, em Setúbal 18 e no Oeste 12 e as restantes espalhadas por outras regiões do continente, mas nada de grave”, indicou, anteriormente, Rui Oliveira, da ANEPC.O Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa recebeu esta madrugada cerca de 50 pedidos de auxílio na cidade, em três horas, a maioria por causa de inundações provocadas pelo mau tempo.Em declarações à Lusa, fonte do regimento explicou que entre as 04:40 e as 07:45 foram recebidas cerca de 50 chamadas, a maioria referente a inundações em espaços privados ou na via pública.Foram ainda registadas quatro quedas de árvores e três de estruturas em Lisboa.O IPMA prevê para esta quarta-feira chuva que será “por vezes forte e acompanhada de trovoada”, em especial durante a passagem da frente e até ao final da manhã, motivo pelo qual foi emitido aviso laranja para chuva e aviso amarelo para trovoada (que terminam às 09:00 e em alguns distritos às 12:00).“Gradualmente, a partir da tarde, com o pós-frontal, espera-se que a chuva, já em regime de aguaceiros, continue a afetar todo o território, embora com maior intensidade e frequência no litoral das regiões norte e centro. Neste período, ainda continuam a existir condições para ocorrência de trovoada e os aguaceiros poderão ser de granizo, sobretudo nas regiões referidas”, indica o IPMA num comunicado.O vento prevê-se que sopre “forte com rajadas” entre a tarde de hoje e o início da manhã de quinta-feira.Durante a passagem da frente fria, as rajadas poderão atingir 80 quilómetros por hora no litoral e 110 quilómetros por hora nas terras altas das regiões norte e centro, estando em vigor aviso amarelo de vento para estas zonas.O IPMA prevê ainda aumento da agitação marítima na costa ocidental, com ondas do quadrante oeste de quatro a cinco metros, podendo temporariamente atingirem entre os cinco a seis metros entre a noite de hoje e a madrugada de quinta-feira.Foi emitido aviso laranja de agitação marítima para esse período.