O Governo anunciou esta sexta-feira, 19 de dezembro, a negociação de mais 36 novos comboios regionais para a CP, que se vêm juntar aos 22 já encomendados, reforçando a frota e modernizando uma rede cujos últimos materiais circulantes têm mais de 40 anos.“Mandatámos a CP para avançar com a opção de 36 novas unidades, que se juntam às 22 já encomendadas, num esforço para garantir qualidade, sustentabilidade e capacidade de resposta às necessidades dos utilizadores”, afirmou hoje o ministro das Infraestruturas e Habitação no Entroncamento, distrito de Santarém.“No total, falamos de cerca de 200 novos comboios, incluindo os destinados à alta velocidade, mas mesmo assim a CP já nos sinalizou que precisaria quase do dobro, tal é o ritmo de obsolescência acumulado”, acrescentou Miguel Pinto Luz, defendendo um compromisso de longo prazo, independentemente do ciclo político.O ministro falava na apresentação do primeiro comboio de serviço regional de um total de 22 encomendados à Stadler em 2020, marcando o fim de quatro décadas sem renovação da frota regional..Primeiro dos 22 novos comboios da CP já chegou a Portugal. Pinto Luz classificou o momento como “dia histórico”, sublinhando que o comboio mais novo nos regionais tem mais de 40 anos, situação que reforça a urgência do investimento público.O governante explicou que a nova automotora é bimóvel, pode operar em modo elétrico ou a diesel e permite servir linhas ainda não eletrificadas, quando a Infraestruturas de Portugal (IP) moderniza a rede ferroviária de norte a sul do país.“Estamos num processo exigente de eletrificação e modernização linha a linha, e este material circulante é essencial para garantir qualidade de serviço durante essa transição”, afirmou.Pinto Luz salientou ainda a importância de ultrapassar limitações técnicas históricas do sistema ferroviário nacional, defendendo que o investimento em material circulante deve ser acompanhado pela modernização da sinalização e interoperabilidade.“Portugal não é apenas uma ilha ferroviária por causa da bitola, mas também pelos sistemas de sinalização, e estamos a trabalhar com a IP, o IMT, a CP e parceiros privados para garantir capacidade de operar e cooperar além-fronteiras”, disse.Em declarações à Lusa, à margem da apresentação, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, destacou que a chegada das novas automotoras representa “um dia bom para Portugal e para todos os utilizadores da ferrovia”, sublinhando que os 22 comboios fazem parte de um conjunto de investimentos essenciais para a sustentabilidade do transporte público.“Estes investimentos são decisivos para garantir um transporte público limpo e descarbonizado e estão alinhados com a transição verde a que Portugal está comprometido”, afirmou a ministra, lembrando que o setor dos transportes é responsável por 34% das emissões de gases com efeito de estufa, acima da média da União Europeia.Segundo a governante, o objetivo no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030) é reduzir em 40% as emissões dos transportes até 2030, face a 2005, meta que considera impossível de cumprir sem uma aceleração da aposta no transporte coletivo.“Até agora só conseguimos reduzir 9%, pelo que é essencial modernizar as frotas e criar alternativas reais ao transporte individual”, afirmou.A ministra sublinhou que a aposta na ferrovia integra uma estratégia mais ampla de promoção do transporte público, com investimentos nos metropolitanos e na mobilidade elétrica.“Estamos a compensar o tempo perdido na mobilidade sustentável, com investimentos nos metros de Lisboa, Porto, Mondego e Sul do Tejo, com expansão de novas linhas, porque só com mais oferta, conforto e qualidade conseguimos mudar comportamentos e reduzir emissões”, afirmou.Os investimentos em material circulante e infraestrutura ferroviária são financiados pelo Programa Sustentável 2030, Fundo Ambiental e pelo PRR, integrando uma dotação superior a 3,2 mil milhões de euros para transportes sustentáveis.