Jovens recorrem mais à Linha SOS e duplicam casos de pensamentos suicidas e autoagressões

Jovens recorrem mais à Linha SOS e duplicam casos de pensamentos suicidas e autoagressões

Jovens procuram cada vez mais ajuda através do WhatsApp, onde se sentem mais confortáveis para partilhar o que sentem
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Os pedidos de ajuda à Linha SOS Criança e Jovem têm vindo a aumentar significativamente, com destaque para os casos de ideação suicida e comportamentos autolesivos, que duplicaram desde o ano passado. Segundo o Instituto de Apoio à Criança (IAC), entre janeiro e outubro de 2025, o serviço registou já 95 pedidos relacionados com estas situações, face aos 47 contabilizados em todo o ano de 2024.

A linha de apoio recebeu neste mês de outubro 333 contactos, quase o dobro dos registados em janeiro (175).

A coordenadora-adjunta do SOS Criança, Maria João Cosme, explica que os jovens procuram cada vez mais ajuda através do WhatsApp, onde se sentem mais confortáveis para partilhar o que sentem. “Temos mais adolescentes a falar de depressão, isolamento e pensamentos suicidas”, afirmou, acrescentando que a pandemia e o uso excessivo de ecrãs agravaram o sofrimento emocional de muitos.

Se os telefonemas e e-mails são mais usados por familiares e outros adultos que querem denunciar situações de risco, o WhatsApp é a escolha preferencial dos jovens, que se sentem mais à vontade a “escrever do que a falar dos seus problemas”, explicou Maria João Cosme, citada pela agência Lusa.

É precisamente no WhatsApp que se nota um maior aumento da procura de apoio junto da Linha SOS Criança: se nos primeiros dois meses deste ano a linha recebeu em média 25 contactos, nos dois últimos meses passou sempre a centena, segundo dados do IAC divulgados esta quinta-feira (31).

No total, a Linha já recebeu 2.522 contactos neste ano, ultrapassando os 2.450 de todo o ano de 2024, confirmando a tendência de aumentos sucessivos de procura de apoio - em 2020, ano em que surgiu a pandemia de covid-19, a Linha contabilizou 2.268 contactos.

Segundo Maria João Cosme, a violência e os maus tratos eram os problemas mais abordados até 2020, mas depois da pandemia ganhou destaque a saúde mental.

Apesar de o aumento poder refletir também uma maior divulgação do serviço, os especialistas alertam para uma tendência preocupante. A psicóloga Tânia Gaspar e a pedopsiquiatra Neide Urbano têm vindo igualmente a denunciar o crescimento dos comportamentos autolesivos entre adolescentes, alguns com apenas 15 anos, que recorrem cada vez mais às urgências hospitalares.

O Instituto de Apoio à Criança defende que a saúde mental das crianças e jovens deve ser tratada como prioridade nas políticas públicas e nas escolas, com recursos capazes de identificar precocemente sinais de sofrimento. A Linha SOS Criança e Jovem (116 111) continua disponível 24 horas por dia, oferecendo apoio psicológico, social e jurídico a menores em situação de vulnerabilidade.

Contactos de apoio e prevenção do suicídio:

Linha Nacional de Prevenção do Suicídio - 1411

SOS Voz Amiga 213 544 545, 912 802 669, 963 524 660

Conversa Amiga 808 237 327, 210 027 159

SOS Estudante 915 246 060, 969 554 545 ou 239 484 020.

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