Vânia Leite, 28 anos, é uma das 113 inspetoras e inspetores que passaram a integrar o quadro da Polícia Judiciária (PJ). Vinda da Polícia de Segurança Pública (PSP) e licenciada em Psicologia, a profissional, que ficou em segundo lugar na turma, representa o rejuvenescimento da classe e a diversidade de áreas de formação, aspetos assinalados pelo diretor-nacional, Luís Neves, na cerimónia de formatura ontem. “A PJ precisa muito da diversidade do vosso conhecimento. O desafio da nossa missão implica um saber multidisciplinar, altamente especializado. A diversidade faz a nossa força”, disse Luís Neves, acrescentando também que “a vossa jovialidade, visto terem uma média de quase 30 anos de idade, a vossa motivação e a vossa nova visão do mundo fazem também a nossa força”.Na visão do diretor-nacional, a renovação geracional está aí, com o cruzamento perfeito entre o conhecimento altamente especializado que a PJ tem e com o valioso aporte que todos trazem (...) enquanto pessoas vocacionadas, com valores, para servir a Justiça e o Estado Democrático de Direito, preservando-lhes, com o vosso trabalho quotidiano, os pilares estruturantes que nunca podem ser dados como garantidos”.Outra marca deste grupo de formandos é a vinda de outro órgão de polícia criminal: 40% já passaram por outras instituições. É o caso de Luís Miguel Velasquez, o primeiro classificado da turma. Vindo da PSP, o novo inspetor tem 33 anos e acredita que o aprendido no antigo trabalho ajuda a somar na nova escolha profissional.Sobre o tema, durante o discurso, Neves deixou um pedido às outras forças de segurança: “Ao invés de ficarem entristecidos por perderem, entre comas, estes quadros, peço que partilhem da satisfação deles e nossa, de todos, por aqui nos poderem entregar já de gente com experiência e com maior valor, é bom para o país, é bom para todos nós.” Segundo o diretor nacional, a experiência anterior permite “um olhar mais nítido sobre o que é a natureza na missão da PJ e dos outros players no sistema de segurança interna e a necessidade fulcral de colaboração”, que está prevista na lei.O objetivo da PJ é recrutar, até 2026, 750 trabalhadores para a carreira de investigação criminal, 250 trabalhadores para a carreira de especialista de polícia científica (especializados nas áreas informática e digital, contabilística e financeira, áreas forenses que integram o Laboratório de Polícia Científica e informacional) e 100 trabalhadores para a carreira de segurança. Estas contratações estão em andamento, inclusive, com um concurso aberto para 150 novos inspetores e outro prestes já prestes a iniciar com 138 formandos. Atualmente, a média de idade desceu para 40 anos, diante da média de 50 anos do ano de 2018.Confiança“Sabem que a comunidade deposita grande confiança na PJ e nos seus inspetores para a proteger contra as formas mais sombrias da criminalidade”. Este foi o recado da ministra da Justiça, Rita Júdice, aos 113 novos inspetores e inspetoras. “A missão da PJ carrega simbolismo, pensamento jurídico e sentido funcional. À PJ competem as investigações dos casos de criminalidade mais grave, complexa, transnacional e altamente organizada, mobilizando, meios técnicos cada vez mais sofisticados, altamente especializados e diferenciadores”, destacou a ministra. Os 113 novos profissionais foram os eleitos de um total de 2.800 inscritos. A formação incluiu seis provas de concurso eliminatórias e nove cursos de aprendizagem ao longo de 15 meses. No total, foram mais de mil horas de formação, entre julho de 2024 até abril deste ano. Da turma, 78 são licenciados, 34 são mestres e há ainda um doutor. amanda.lima@dn.pt.Luís Neves: "Continuamos com muitos crimes de homicídio e de violência doméstica. Uma vergonha para todos".Operação “Pactum”. PJ faz 75 buscas por suspeitas de corrupção, incluindo no Banco de Portugal