Foi uma encomenda especial aquela que as proprietárias da marca de joalharia Sharma entregaram ontem em mãos a um cliente que adquiriu a coleção de autor criada por Álvaro Siza Vieira. Junto às joias, devidamente resguardadas na caixa de madeira assinada pelo arquiteto e vendidas por 30 mil euros, seguia uma dedicatória especial do mesmo e uma carta das duas sócias. É que estas peças foram compradas por um pai para oferecer como prenda de casamento à filha, a qual tem agora apenas oito meses. “É uma história tão diferente, uma história de amor de um pai por uma filha”, comenta Bruna Cabral, uma das sócias, referindo-se a esta coleção como “uma obra de arte, um legado que passa de geração em geração”..Esta foi a primeira coleção-cápsula lançada pela Sharma, marca de joalharia portuguesa que surgiu no mercado há apenas dois meses pelas mãos de duas mulheres empreendedoras do Norte sem qualquer ligação ao meio: uma, Brigitte Costa, está integrada numa empresa familiar de seguros e imobiliário; a outra, Bruna Cabral está no setor financeiro. Mulheres que trabalhavam “num mundo ainda de homens” e que precisavam de um “escape” e de um novo desafio. Criaram a Sharma, indo buscar ao autor Robin Sharma inspiração para o nome, não tivesse sido dele o livro que as tornou “amigas inseparáveis”: O Clube das Cinco da Manhã..Foi num domingo de junho que aconteceu a reunião com Álvaro Siza Vieira, que se mostrou imediatamente aberto à ideia de fazer uma nova, mas rara, incursão no mundo da joalharia. Logo ali à frente de Bruna e Brigitte fez um esboço de um anel e foi a partir disso que se seguiu para o desenvolvimento das restantes peças: um colar, uma pulseira e brincos. “Deixámos liberdade ao artista. Não impusemos nada”, garante Bruna..Manufaturada em ouro de 19 quilates e diamantes (incolores e negros), a coleção chegou ao mercado numa edição limitada de 91 conjuntos, a idade do autor no momento da criação, dentro de uma caixa de madeira forrada a azul com assinatura do arquiteto. Durante os primeiros dois meses estará apenas disponível para venda na Fundação Serralves por 30 mil euros. “Esta a correr bem”, garante Bruna..Depois desta, além das coleções mais acessíveis da marca – a Sharma e a Pétala -, surgirão novas coleções-cápsula, tendo já sido anunciado que as próximas duas se mantêm na dinastia do arquiteto: uma será assinada pelo filho, Álvaro Leite Siza Vieira, e outra pelo neto, Henrique Siza Vieira. Seguir-se-ão outras com várias personalidades nacionais e internacionais, garante a coproprietária da marca. Cada uma delas será inicialmente vendida com exclusividade em locais diferentes, que estejam ligados a quem as assina..Brigitte Costa e Bruna Cabral, as proprietárias da Sharma..Com uma marca recém-nascida, mas com um lançamento feito em parceria com o primeiro arquiteto português a vencer o Prémio Prtizker, em 1992, - feito que só voltou a ser alcançado por Eduardo Souto de Moura em 2011 – as proprietárias da Sharma acreditam que 2025 trará “belas surpresas”.