Greve do INEM ocorreu no início de novembro. Ministra visitou instituto depois de se saber de mortes.
Greve do INEM ocorreu no início de novembro. Ministra visitou instituto depois de se saber de mortes. Reinaldo Rodrigues

Inquérito a mortes suspeitas por atraso no socorro do INEM ainda sem conclusão da Inspeção-Geral da Saúde

Seis meses após greve às horas extraordinárias dos técnicos do INEM, IGAS vem dizer que "não é possível prever data para conclusão do inquérito".
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No início de novembro, a greve decretada pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar às horas extraordinárias, em dias que coincidiram com uma greve geral da Administração Pública, quase parou a resposta do INEM, já que não foram decretados serviços mínimos. A situação gerou polémica e ainda está por esclarecer se a morte de quase uma dezena de doentes está diretamente relacionada com os atrasos no socorro de emergência.

Logo na altura, foram instaurados inquéritos pela Inspeção-Geral das Atividades em saúde (IGAS) para se saber quem falhou na designação dos serviços mínimos - se o próprio INEM ou se o Ministério da Saúde -, e se daqui há responsabilidades a retirar nas mortes que ocorreram.

Mas a IGAS vem esta segunda-feira dizer, em nota à comunicação social, que, “neste momento, não é possível prever uma data para a conclusão do inquérito”, relativo “a eventuais atrasos no atendimento realizado pelo CODU, do INEM”.

Segundo a mesma nota, “o inquérito encontra-se em desenvolvimento”, explicando: “Por despacho do Inspetor-geral da Inspeção-geral, de 18 de março de 2025, o processo de inquérito 019/2024-INQ, relativo ao aumento significativo dos tempos de espera por atendimento no CODU, por motivo de greve às horas extraordinárias por parte dos técnicos de emergência pré-hospitalar, foi apenso ao Processo de Inquérito 015/2024-INQ. O Processo de Inquérito 019/2024-INQ corresponde a um processo iniciado pelo INEM, I.P., avocado a 10 de dezembro de 2024 por despacho do Inspetor-geral, e recebido na IGAS a 19 de dezembro de 2024. Neste momento, não é possível prever uma data para a conclusão do inquérito.”

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IGAS aponta dedo aos serviços do ministério na avaliação à greve dos técnicos do INEM em novembro

Recorde-se que em fevereiro, o relatório preliminar da IGAS afirmava que não se poderia imputar responsabilidades ao INEM pela não definição de serviços mínimos, porque o instituto não tinha conhecimento da greve decretada por um dos sindicatos da Administração Pública.

Na altura, e como o DN noticiou, podia ler-se no documento: “O INEM, I.P., não recebeu atempadamente a comunicação de pré-avisos das greves gerais convocadas para os dias 31 de outubro e 4 de novembro, pelo que, não tendo conhecimento dos detalhes neles constantes quanto ao tipo e duração das greves, bem como dos serviços mínimos propostos, ficou inviabilizada a possibilidade de eventual contestação dos serviços mínimos tendente à sua negociação, o que apenas poderia ter sido feito nas primeiras 24 horas seguintes à respetiva emissão de cada pré-aviso”.

A responsabilidade pela falta de informação foi imputada aos serviços do Ministério da Saúde, nomeadamente à Secretaria Geral, que dez dias depois, e no contraditório a este primeiro relatório, arrasa a fundamentação da IGAS. Na resposta, a Secretaria-Geral refere que “as indiretas imputações” ao procedimento adotado pela SGMS são “totalmente inadequadas” como “violam a lei”, já que foram “publicamente difundidas”, constituindo “um dano reputacional para a SGMS”.

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Secretaria-Geral do Ministério da Saúde rejeita responsabilidades na greve do INEM

Até agora, e depois da resposta da Secretaria Geral, também ainda não se conhece o relatório final sobre quem, de facto, falhou na definição dos serviços mínimos. E, passados seis meses, acontece o mesmo em relação ao inquérito instaurado às mortes suspeitas por “atraso no socorro do INEM”.

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