Florestas cinzentas, colunas de fumo, cheiro incisivo a matéria orgânica queimada e um afã incessante de carros de bombeiros e proteção civil que garantem que a Lousã não arde mais do que já ardeu no início deste fim de semana. Este é o retrato do local que neste sábado, 16 de agosto, mais meios aéreos mobilizou, num total de dez."Esperemos que a noite seja boa conselheira", desabafou ao DN, no local, o vereador da Câmara da Lousã, Ricardo Fernandes, eleito pelo PS, que tem o pelouro da proteção civil.Com um ar exausto, rodeado de militares da GNR, o autarca integra o centro de operações, ao qual chama "posto de comando", que tem sido o ponto nevrálgico de todos os processos nesta serra.Agradece a todos os operacionais, mas garante que a noite vai ser longa, até porque há "pontos quentes" na zona de Ribeira de São João, onde estão algumas das aldeias de xisto, que Ricardo Fernandes admite ser uma preocupação.Em relação à área ardida, diz que ainda não tem dados concretos, mas as autoridades estão a apurá-los. Sobre a origem dos incêndios, as causas estão a ser investigadas pela GNR e pela Polícia Judiciária, que também está no terreno. No entanto, Ricardo Fernandes explica que "no início deste incêndio, ocorreu um outro, simultâneo, o que diminuiu a capacidade de resposta numa primeira instância"..Ao longo do caminho a preocupação das pessoas é evidente. Numa estrada ladeada por fumo, onde as tais "zonas quentes" estão ativas, uma mulher pára um carro à beira da estrada, pouco depois da localidade de Vilarinho, e, envergando um garrafão de água, tenta combater as chamas, que não se escondem. Pouco depois, aparece um carro com quatro bombeiros voluntários das Lousã que rendem a mulher. Depois de derrotarem aquela labareda, continuam o seu caminho, à procura de "zonas quentes". E há muitas.À volta, a floresta é cinzenta e já desistiu destas chamas em concreto. Só há fumo e esperança de que as coisas renasçam.Num dos caminhos, um carro branco leva dois apicultores dentro, que, com um ar desolado, explicam que perto da aldeia de Candal, onde o fogo foi mais feroz, arderam cerca de 40 colmeias..Cada colmeia tem entre 50 mil a 100 mil abelhas, explica um dos homens, ainda com o fato característico na cabeça. Contas feitas por alto, perderam milhões de abelhas, mas salvaram "algumas", asseguram.Outra mulher, que caminhava à beira da estrada, acaba por contar como, umas horas antes, salvara uma égua do fogo. A Lili, como pediu, para ser chamada, diz ser educadora de infância. Vive há 15 anos em Vilarinho e já está habituada aos incêndios. .Incêndio num hotel canino em Mangualde provoca a morte a 25 cães .Dois aviões canadair de Espanha chegam hoje a Portugal. Estão previstos outros dois meios aéreos de França