O presumível autor de um dos maiores incêndios deste ano em Portugal, em Oliveira de Azeméis, é “um rapaz de 24 anos, operador numa empresa de metalomecânica” na zona e não tem “o perfil clássico” dos incendiários, que muitas vezes está associado ao consumo de álcool ou a doença mental, por exemplo..De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), que esta quarta-feira deteve o suspeito, o homem passeava de mota aos fins de semana pela zona onde o incêndio começou. Num dos passeios, “decidiu utilizar um isqueiro para puxar fogo em três ou quatro pontos” todos à volta da localidade de Ossela, onde reside. Os motivos? Desconhecidos. “É filho de gente muito humilde, não tinha interesses em atear fogos, nem obteve qualquer benefício económico, é claramente uma situação atípica.”.O incêndio em causa iniciou-se a 14 de setembro e consumiu mais de seis mil hectares de floresta, mato, habitações, equipamentos e edificados no concelho de Oliveira de Azeméis. Devido às condições meteorológicas, acabou por convergir com os incêndios de Sever do Vouga e Albergaria-a-Velha. Dessa junção de fogos resultaram 35 mil hectares ardidos e nove mortes (nenhuma associada a este incêndio de Ossela). Ou seja: o suspeito está apenas indiciado por três crimes de incêndio. Esta quinta-feira, será presente a juiz para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de coação.Detido na sequência de buscas domiciliárias, o suspeito “assumiu” os seus atos à PJ, “explicou como fez, mas não apresentou qualquer motivação ou justificação”, disse fonte da Judiciária ao DN. No entanto, “o facto de admitir os atos que cometeu acaba por mostrar que tem consciência do que aconteceu”. Segundo a mesma fonte, a detenção foi inesperada: “Um amigo ficou surpreendido quando foi feita a detenção.”.O detido, sublinhou a PJ, “não tem qualquer tipo de antecedentes criminais” ou historial de doenças do foro psiquiátrico. Tendo em conta todos estes fatores, e uma vez que a descrição não encaixa no perfil típico do incendiário, a Judiciária tentou “procurar algum tipo de ligação a terceiros”. Mas tal não se confirmou e o homem terá mesmo agido sozinho. Este suspeito é mais um a juntar aos 77 que estavam detidos no final da fase crítica dos incêndios. De entre estas pessoas, 74 estavam presas, duas usavam pulseira eletrónica e uma encontrava-se internada em unidade hospitalar.