As lojas do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) estão agora equipadas com uma ferramenta de tradução para auxiliar no atendimento aos imigrantes. Não se trata do tradutor da Google, mas sim de uma aplicação própria desenvolvida pelo próprio IEFP. Até ao momento, estão incluídos neste sistema cerca de 15 idiomas diferentes, incluindo variantes locais. Além da acessibilidade e inclusão, entre as vantagens elencadas por Domingos Lopes, presidente do Conselho Diretivo do IEFP, está a redução no tempo de atendimento e a precisão das informações, minimizando mal entendidos e erros de comunicação. Segundo Domingos Lopes, esta dificuldade ficava evidente, por exemplo, em regiões como de Odemira, onde há uma grande concentração de imigrantes que não falam português ou inglês. Foi naquela zona que iniciaram os testes da ferramenta, criada “do zero”, especialmente para este fim. “Nós temos orgulho porque é o primeiro serviço que conhecemos, público ou privado, de atendimento ao cidadão, que tem esta possibilidade, esta ferramenta”, diz o dirigente ao DN. No cargo desde 2022, Domingos Lopes é um entusiasta da tecnologia. A gestão tem sido marcada por investimento em ferramentas tecnológicas que facilitem o trabalho. Uma delas é o atendimento por videoconferência, disponível para todos os utentes. A novidade foi lançada recentemente e está operacional. “Facilita muito para as pessoas que se deslocam de longe ou mesmo para quem não pode gastar dinheiro com uma viagem para um atendimento presencial”, destaca. A ferramenta de tradução faz parte do programa Integrar, lançado há cerca de um mês pelo Governo. Como o próprio nome sugere, é um conjunto de iniciativas que visam melhorar a integração dos imigrantes que vivem em Portugal. O reforço no programa Português como Língua de Acolhimento (PLA), o acompanhamento em processos seletivos e a ajuda na busca por reconhecimento de qualificações escolares constam no projeto. De acordo com Domingos Lopes, as ações estão a ser desenvolvidas pelo IEFP. “É uma forma importante de suprir também a grande demanda que temos em mão de obra qualificada e técnica, que importa muito ao país”, refere o presidente do instituto. Aulas de cidadania Outra medida prevista no programa é uma espécie de aulas de cidadania para imigrantes, focadas nos direitos e deveres de cada um. “Há conceitos que nós damos como adquiridos nas nossas sociedades ocidentais, que noutras comunidades não são comuns”, explica ao DN. A metodologia completa ainda está a ser desenvolvida. Estuda-se o método do Português como Língua de Acolhimento (PLA). A vila de São Teotónio, no Alentejo, é um dos locais em que a iniciativa está em testes, tendo sido montada uma estrutura para ensino do português com objetivo de ser também utilizada para as formações em cidadania. Segundo Domingos Lopes, um dos desafios será ter as formações no horário pós-laboral. “Temos total consciência de que estas pessoas vem para cá trabalhar, mais do que para fazer formação. Têm um emprego,às vezes dois ou três. Portanto, temos de ter flexibilidade para fazer estas formações, que lhes são úteis. Nós é que temos de ajustar os nossos horários e locais”, frisa..amanda.lima@dn.pt