Há cada vez mais adultos a ingressar ou a voltar ao Ensino Superior
A decorrer até sábado, na Exponor, em Matosinhos, a QUALIFICA - Feira de Educação, Formação e Juventude dá, nesta 16.ª edição, especial destaque à aprendizagem ao longo da vida. Segundo a organização, no ano passado, nos mais de 2400 mestrados existentes em Portugal, registavam-se 10% de alunos com 40 ou mais anos no Ensino Superior (ES) público e 13% no ES privado.
O evento conta, pela primeira vez, com um salão especialmente dedicado a mestrados, pós-graduações e formação executiva, com a participação de escolas de negócios, universidades e institutos politécnicos. “O Salão de Mestrados, Pós-Graduações e Formação Executiva está a despertar o interesse de altos quadros de empresas, registando-se a inscrição de largas centenas de profissionais no ativo, entre os quais CEO, diretores, gestores, engenheiros, advogados ou arquitetos, com idade média de 39 anos”, refere a organização.
A aprendizagem ao longo da vida é uma das apostas da Universidade de Aveiro (UA), uma das instituições presentes no evento. Em declarações ao DN, Sandra Soares, vice-reitora de Ensino e Formação da Universidade de Aveiro afirma haver “cada vez mais adultos a ingressar ou a voltar para o Ensino Superior”.
“Isto não acontece apenas nas licenciaturas e em regimes especiais de acesso, como os maiores de 23, mas em todos os outros ciclos. Começa a haver também uma procura crescente por parte de adultos no ativo que tinham muitas dificuldades para voltar à universidade e conseguir conciliar com a vida profissional e familiar”, explica.
A UA tem, por isso, “micro credenciais”. Trata-se de ofertas de pequeno volume (menos de 12 créditos ECTS), informadas pelo diagnóstico das necessidades do mercado de trabalho e orientadas para o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais. São organizadas de forma flexível, com horários ajustados ou em formato híbrido.
“São criadas mediante as necessidades de mercado em parceria com mais de 100 parceiros regionais, muitas desenhadas em função das empresas, feitas à medida das necessidades de cada setor”, acrescenta a responsável. Sandra Soares sublinha a importância destas ofertas num contexto atual onde existe “um desfasamento entre o que são as competências nas licenciaturas e mestrados e as necessidades de trabalho”.
“Tudo avança a um ritmo alucinante e esta requalificação das competências ou a aquisição de novas competências responde a uma necessidade de aprendizagem ao longo da vida. A formação é um mecanismo fundamental”, sustenta.
Segundo a vice-reitora de Ensino e Formação da UA, estas “formações mais à medida, as micro credenciais, estão a crescer muito nos últimos dois anos”. “Temos um número crescente de estudantes a frequentar este tipo de oferta. Temos também cursos compostos por micro credenciais, que permitem que, no final, o estudante obtenha um curso de especialização. É uma nova oportunidade em Portugal que não implica estar dois anos ou mais no ES”, salienta.
“Qualificar mais portugueses é ganho para todos”
Algumas das ofertas da UA contam com incentivo do “Impulso Adultos”, no contexto do PRR, mas aos estudantes que terminem os cursos com sucesso são devolvidos 50 por cento do valor das propinas. Pode chegar aos 100 por cento para os trabalhadores de empresas públicas e privadas com quem a UA tem parcerias.
Esta aposta na aprendizagem ao longo da vida é, para Sandra Soares, muito importante para a economia do país. “Qualificar mais portugueses, do ponto de vista social e económico, é um ganho para todos”, garante. A responsável diz ainda ser essencial quebrar a barreira do senso comum, porque há ainda “muitas pessoas que pensam que voltar ao Ensino Superior é estar inserido num contexto apenas para jovens” e as micro credenciais, diz, “estão desenhadas para adultos ativos, com experiência e os mesmos desafios em diferentes áreas científicas, como a saúde ou as línguas”.
“Este é um mecanismo fundamental para reter talento nas instituições e temos de ter essa capacidade de dar resposta. Ainda há algum desconhecimento por parte da população de que o estamos a fazer. O mundo está a mudar e o Ensino Superior tem de estar preparado”, conclui.