Hospital de Cascais. Demitem-se os chefes de Medicina Interna e o diretor de Urgência

Hospital de Cascais. Demitem-se os chefes de Medicina Interna e o diretor de Urgência

Médicos do Hospital denunciam falta de condições e de materiais. Situação levou a um “desgaste físico, intelectual e psicológico” dos profissionais.
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No Serviço Nacional de Saúde (SNS) começou o Ano Novo como acabou o de 2023: em crise. E se os farmacêuticos hospitalares têm greve marcada para hoje, ontem os chefes de equipa de Medicina Interna, o diretor de Urgência e um chefe de Balcão do Hospital de Cascais apresentaram a demissão em bloco, devido à “progressiva degradação das condições de segurança dos doentes admitidos no Serviço de Urgência Geral”.

Em carta enviada ao conselho de administração, revelada pela CNN Portugal, os médicos da unidade de saúde de Cascais justificam a decisão com a “qualidade da atividade assistencial prestada e a segurança dos doentes”, uma vez que o “rácio médico-doente” no Serviço de Observação é inferior ao limites previstos nos regulamentos. 

Além disso, segundo os chefes de equipa de Medicina Interna , o número de doentes internados “extravasa significativamente a capacidade máxima prevista”. A “escassez de condições materiais”, como a falta de macas, impede os profissionais de “cuidar, de forma segura e digna, dos doentes” enquanto estes aguardam internamento. 

Tudo isto levará à “ausência grave de capacidade de resposta aos doentes que recorrem ao Balcão de Medicina, com um impacto completamente disruptivo na atividade do Chefe de Equipa e restantes elementos”. Daí a demissão conhecida logo no primeiro dia de 2024, porque , garantem, têm assumido “de forma insustentável” cada vez mais tarefas e funções, com um elevado “desgaste físico, intelectual e psicológico”.

Segundo a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), os clínicos estão a passar uma situação muito difícil, muito dramática. "O Hospital de Cascais (...) tem médicos que durante três anos só trabalham nas urgências. Fazem muitas noites -- sempre 12 horas -- torna o trabalho muito pesado e isto não garante a tratabilidade. É um problema que não tem a ver com as escusas das 150 horas [extra]. É um problema crónico. Tendo em conta a grande afluência que há, os colegas estão absolutamente exaustos, não aguentam", disse indicou Joana Bordalo e Sá. 

O Hospital de Cascais é gerido através do modelo de Parceria Público-Privada (PPP). Em setembro de 2022 o ministério da Saúde adjudicou aos espanhóis da Ribera Salud a gestão clínica do estabelecimento hospitalar por oito anos, com o valor líquido de 561,2 milhões de euros, segundo conta da proposta de Orçamento do Estado para 2023. 

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