As imagens de hospitais cheios, notícias de escolas fechadas e reforço de medidas sanitárias na China voltaram a inundar as redes sociais nos últimos dias, aproximadamente cinco anos após a irrupção do vírus Sars-Cov-2 que provocou uma pandemia, espalhando temores de que um novo vírus desconhecido pudesse estar a replicar o trajeto. No entanto, ainda que o impacto deste surto seja difícil de prever, uma coisa os cientistas já sabem: ao contrário do que aconteceu em 2019 a partir de Wuhan, desta vez não se trata de um vírus estranho para a ciência.Nas últimas semanas de 2024, os hospitais chineses relataram uma sobrecarga devido ao elevando aumento de infeções respiratórias agudas. Entre os diversos vírus circulantes, há um que se tem destacado nesta época devido à sua elevada incidência em crianças: metapneumovírus humano (HMPV). .“Algo está a falhar”. Bastonário está preocupado com resposta das urgências antes do pico da gripe chegar . Ao DN, o infeciologista Jaime Nina salienta que este “é um vírus já conhecido há muito tempo”, descrito em espécies de vários animais já nos anos 70 e 80 do século passado, “embora o metapneumónico humano só tenha sido descrito no virar do século”, diz. Portanto, “já há mais de 20 anos”.Este vírus respiratório, identificado pela primeira vez nos Países Baixos em 2001, causa sintomas similares aos da constipação comum e da gripe, como tosse, febre, congestão nasal e dificuldades respiratórias, e em casos mais graves pode levar a bronquite ou pneumonia.Segundo Jaime Nina, “vários estudos demonstram que 80 a 90%” dos mancebos militares, quando chegam à idade da tropa, “já tiveram uma infeção por vírus de metapneumónico humano algures no passado”. Portanto, é “fundamentalmente um vírus comum em crianças”, que, com os idosos, são sempre os grupos mais vulneráveis para estas infeções.À CNN Portugal, o médico de Saúde Pública Gustavo Tato Borges referiu que o surto atual na China “motiva apenas a preocupação de perceber se o metapneumovírus humano teve alguma alteração genética que faça com que ele se torne de maior risco ou se apenas estamos a assistir a um pico devido às festividades e ao maior contacto de muitas pessoas” na época festiva de fim de ano.Em Portugal, o HMPV já tem sido detetado nas épocas da gripe. O último relatório do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, relativo a 2023-24, revela que este vírus foi responsável por 8,8% das infeções respiratórias nessa época..O que se sabe sobre o HMPV.Transmissão: Espalha-se principalmente através de gotículas respiratórias, espirros, tosse, ou contato direto com superfícies contaminadas. Sintomas: Incluem febre, tosse, congestão nasal, dor de garganta, e em casos mais graves, pode levar a dificuldades respiratórias, bronquite, ou pneumonia. População de Risco: É mais perigoso para crianças pequenas, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido.Período de Incubação: De 3 a 6 dias.Medidas de Prevenção: higiene das mãos, evitar contato próximo com doentes, cobertura da boca e do nariz ao tossir ou espirrar, uso de máscaras em locais com alta circulação de pessoas ou quando estiver doente, limpeza de superfícies, isolamento quando estiver doente para não espalhar a infecção.Tratamento: Não há tratamento antiviral específico ou vacina. O tratamento foca-se no alívio dos sintomas com repouso, hidratação e uso de medicamentos para dor e febre. Em casos graves, pode ser necessário internamento para suporte respiratório..Fontes: CDC e Center for Health Protection