Graça Freitas e os pareceres: "São internos. Não são secretos"
A diretora-geral de Saúde disse esta quinta-feira, que será emitida "uma nota técnica que resume os pareceres da Comissão Técnica de Vacinação" no que respeita à vacinação de crianças. "São documentos internos preparatórios do processo de decisão. A partir desses documentos extraímos informação relevante", disse. "O habitual é não serem divulgados"
"São internos. Não são secretos", afirmou, questionada pelos jornalistas depois de vários partidos terem pedido a divulgação dos mesmos.
Graça Freitas disse que apesar de as crianças terem habitualmente doença ligeira não quer dizer que não tenham internamento e não possam ser internadas em unidades de cuidados intensivos.
A diretora-geral da Saúde acrescentou que "houve um parecer dos pediatras e especialistas em saúde infantil que foi entregue à comissão técnica de vacinação e foi um dos muitos documentos em que na Comissão Técnica de Vacinação se baseou para dar o seu ponto da situação à Direção-Geral de Saúde".
"Isto são órgãos consultivos, de diferentes especialistas que consultam diferentes tipos de documentos nacionais e internacionais e depois eles próprios formam a sua opinião fundamentada na ciência e em pareceres de outros especialistas e fazem uma posição final da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 que é entregue à diretor-geral da Saúde", explicou.
Questionada sobre as críticas de partidos políticos que acusam a DGS de falta de transparência, Graça Freitas disse que isso não acontece.
"Não creio que não haja transparência porque esses pareceres depois são vertidos para normas que remetem elas próprias para documentos consultados e pode qualquer pessoa consultar", explicou adiantando que em relação à vacinação das crianças ainda decorre hoje uma reunião para definir o intervalo entre as doses.
Graça Freitas disse ainda que esta sexta-feira será anunciada a forma como decorrerá o processo de vacinação das crianças, indicando que a 13 de dezembro chegam 300 mil vacinas. O universo de crianças elegíveis para a vacina contra a covid-19 é de 640 mil. Em janeiro chegarão mais vacinas, esclareceu.
A diretora-geral de saúde também alertou as autoridades de saúde para que, sempre que suspeitem estar perante um caso da variante Ómicron, alarguem o rastreio da rede de contactos próximos e prolonguem o período de isolamento para 14 dias.
PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega pediram já a divulgação dos pareceres técnicos que fundamentaram a decisão de vacinar crianças entre os 5 e os 11 anos.
Também a Ordem dos Médicos enviou esta quinta-feira um ofício à diretora-geral da Saúde, a requerer acesso ao parecer que sustentou a decisão da Comissão Técnica de Vacinação.
"A Ordem dos Médicos tomou conhecimento, através da comunicação social, da decisão tomada pela Direção-Geral da Saúde e considera que o parecer deve ser do conhecimento desta associação pública profissional, mas também de todos os cidadãos. A confiança das populações nas instituições é crítica para o sucesso no combate à pandemia e para a própria democracia, e a transparência na vacinação das crianças é crucial para que os pais possam tomar decisões informadas", explica o bastonário da Ordem dos Médicos em comunicado.