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Leonardo Negrão / Global ImagensImigrantes estão sem respostas da AIMA, que atrasou o envio dos títulos já aprovados.

Governo critica "desacerto das opções políticas" para as migrações e diz que está a acompanhar a situação

Nota do gabinete do ministro da Presidência, Leitão Amaro, surge na sequência de notícia avançada pelo DN sobre protesto em frente à Agência para as Migrações, Integração e Asilo (AIMA).
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O Governo de Luís Montenegro está a "acompanhar a situação" dos direitos dos imigrantes em Portugal, com contacto com "várias autoridades". A nota do gabinete do ministro da Previdência, Leitão Amaro, foi divulgada depois de avançada a notícia sobre um protesto realizado nesta manhã em frente à Agência para as Migrações, Integração e Asilo (AIMA) em Lisboa. Mais de 200 imigrantes participaram do ato, com a reivindicação do envio de títulos de residência já solicitados e aprovados, atrasados há meses, além da falta de vagas de agendamento para vários serviços.

Segundo o gabinete, desde a tomada de posse, o Governo está a realizar uma avaliação que "confirma diagnósticos prévios quanto ao desacerto das opções políticas e institucionais anteriores e da sua execução". Concretamente, cita a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e da implementação da AIMA. 

O Governo frisa ainda que existe uma "degradação da situação migratória que se vem agravando ao longo dos últimos meses, quer da perspetiva humanística das condições de acolhimento e regularização de cidadãos estrangeiros que pretendem trabalhar e residir em território nacional". É ainda referida a operacionalidade do sistema de controlo e fiscalização.

Diferente da governação de António Costa, Luís Montenegro decidiu não dedicar nenhuma secretaria de Estado para as migrações. O tema está sob a tutela do Ministério da Presidência. Recentemente, o DN ouviu associações de imigrantes sobre a decisão. Todos manifestaram preocupação e medo, especialmente por não existir uma representação específica para tratar o tema. A medida de não existir uma secretaria surge na altura em que o número de imigrantes com título de residência em Portugal ultrapassa os 800 mil.

O programa de Governo, aprovado há uma semana, não traz pormenores das medidas. Uma delas é "avaliar" a reestruturação da AIMA, com objetivo de "corrigir falhas legais, operacionais e de conflito de competências" e "ponderar a alteração do regime para que as autorizações de residência se baseiem em contratos de trabalho previamente celebrados ou através de um visto de procura de trabalho".

É igualmente repetido o discurso da campanha de que o PSD pretende adotar princípio de que Portugal é um país "de portas abertas à imigração, mas não de portas escancaradas”, mas sem esclarecer como será feito na prática. Sem uma maioria absoluta no Parlamento, alterações como na Lei dos Estrangeiros vão obrigar a entendimentos com outros partidos. O Chega, terceira maior força política, é a sigla mais favorável às mudanças na política de imigração, um caminho natural caso o PSD queira avançar com mudanças de política de autorizações de residências, por exemplo.

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