O incêndio de grandes dimensões que deflagrou no dia 14 na ilha da Madeira foi causado pelo lançamento de foguetes, revelou esta quinta-feira a Polícia Judiciária (PJ), acrescentando que já identificou os responsáveis..Ao que o DN apurou, um suspeito já foi constituído arguido. O segundo envolvido neste caso, também pelo lançamento de foguetes, está fora do país e sob investigação. Não está esclarecido se a autorização para estes lançamentos de fogo de artificio, por particulares e não empresas, foi concedida pela PSP e também pela Câmara Municipal da Ribeira Brava..Em comunicado, a PJ confirma que, após diligências de investigação realizadas pelo Departamento de Investigação Criminal da Madeira, "apurou que tal incêndio terá tido origem no lançamento de foguetes".."A investigação realizada, designadamente através da recolha de depoimentos com relevo, análises de circunstâncias, informação meteorológica, informação oficial de várias entidades, bem como análise indiciária de vários elementos, permitiu identificar quer o local, quer os responsáveis pelo lançamento dos foguetes", acrescenta..A PJ garante que a investigação a este incêndio prossegue..Edgar Silva, do PCP Madeira, já tinha no sábado passado, em declarações ao DN, questionado a origem da autorização para que, no dia 14 de agosto, tivessem sido “lançados foguetes no arraial” na Serra de Água - zona onde o incêndio teve início. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, sempre referiu como justificação que a causa tinha sido “fogo posto” - tese agora contrariada pela PJ.."Onde o Governo Regional e a Proteção Civil mais erraram foi, desde logo, na Serra de Água, no dia 14 de Agosto [dia em que o incêndio começou], quando foram lançados foguetes no arraial, e não houve um mobilização adequada dos meios de intervenção para combater o fogo que ali tinha deflagrado. Depois, a montante, é altamente criticável a inação no campo da prevenção e no reduzir dos riscos (nas zonas ardidas em anos anteriores) associados aos incêndios rurais. Depois, tudo quanto foram inércias e erros crassos no combate aos incêndios e na postura negligente são decorrências dos outros nexos causais", afirmou Edgar Silva ao DN..Para o líder do Chega Madeira houve "falta de rigor e profissionalismo" na abordagem incial ao incêndio. Miguel Castro, em declarações ao DN afirma que "o primeiro foco de incêndio, detetado muito a tempo numa área de fácil acesso" e que "se a primeira intervenção tivesse sido levada a sério e tivesse tido uma intervenção mais musculada, muito provavelmente o incendio não teria tomado as proporções que acabou por tomar". .O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. Na segunda-feira, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava "totalmente extinto"..Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida..Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa..O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais..A Polícia Judiciária continua a investigar as causas do incêndio, mas Miguel Albuquerque disse tratar-se de fogo posto..*Com Lusa