Fogo em Vila Real "praticamente dominado"
O incêndio que lavra desde domingo em Vila Real está esta quarta-feira praticamente dominado, havendo ainda alguns "pontos quentes" que estão a ser debelados pelos operacionais, esperando-se um dia de um "longo trabalho" de consolidação rescaldo e vigilância.
"Felizmente neste momento temos o incêndio praticamente dominado, temos ainda alguns pontos quentes que estão a ser debelados com a colaboração dos operacionais no terreno, apoiados por um trabalho extraordinário de máquinas de rasto", afirmou Miguel Fonseca, comandante distrital de operações de socorro (CODIS) de Vila Real.
Uma destas máquinas trabalhou a "noite toda" para ajudar a debelar a frente que resultou da reativação do final da tarde de terça-feira e que colocou em risco as aldeias de Relva, Outeiro e Cravelas.
"As coisas estão a correr favoravelmente e queremos acreditar que, assim continuando, podemos dar brevemente esta ocorrência como dominada", afirmou o comandante, num ponto de situação realizado pelas 08:00, no posto de comando instalado na aldeia de Benagouro.
Este dia será, acrescentou, de um "longo trabalho de consolidação, de rescaldo e também de vigilância" e, para este efeito, já está no terreno um pelotão das Forças Armadas, que será reforçado por mais dois pelotões militares. Também os meios aéreos vão ser acionados.
O presidente da Câmara de Vila Real contabilizou hoje uma área ardida de cerca de 6.000 hectares de mato e pinhal no incêndio que deflagrou no domingo na Samardã, na serra do Alvão, e provocou prejuízos "consideráveis".
"Neste momento temos cerca de 6.000 hectares de área ardida. É muito e é preocupante, os prejuízos são, obviamente, consideráveis", afirmou Rui Santos, que falava aos jornalistas no posto de comando instalado na aldeia de Benagouro.
O autarca disse que os prejuízos ainda não foram contabilizados, nomeadamente a área do Parque Natural do Alvão (PNA) afetada, mas destacou o facto de nenhuma casa de primeira habitação ter sido atingida, nem se ter verificado nenhum dano pessoal relevante.
"A nossa preocupação, neste momento, é manter vigilância, mantermo-nos atentos e ter capacidade para, em função daquilo que possa surgir, reagir e controlar até à extinção este incêndio", sublinhou.
Durante esta ocorrência verificaram-se sete feridos ligeiros, seis bombeiros e um civil. O último caso aconteceu na terça-feira, durante o combate à reativação, em que uma bombeira da corporação da Cruz Branca, de Vila Real, ficou com ferimentos resultantes de uma queda e foi transportada ao hospital.
O alerta para o incêndio foi dado pelas 07:00 de domingo, na zona da Samardã, na serra do Alvão, ao início da noite de segunda-feira entrou em fase de rescaldo e, na manhã de terça-feira, foi dado um alerta para um fogo em Lamas de Olo, já no Parque Natural do Alvão (PNA), em área fora do perímetro do primeiro fogo.
Na terça-feira à tarde houve uma reativação na encosta contrária da serra, já virada à cidade de Vila Real. População e autarcas locais suspeitam de fogo posto nesta ocorrência que já está a ser investigada pela Polícia Judiciária (PJ).
Miguel Fonseca referiu que as reativações são "uma preocupação" até pela "vasta área do incêndio e os muitos pontos quentes identificados no local", pelo que salientou que se vai manter no terreno um forte dispositivo.
Os locais das reativações de terça-feira são os que hoje apresentam mais preocupação, mas, segundo o CODIS, "não podem ser descuradas" todas as outras áreas onde têm havido pequenas reativações.
Até segunda-feira à tarde a área ardida, numa primeira avaliação feita pela Câmara de Vila Real, rondava os 4.500 hectares.
Segundo o 'site' da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção (ANEPC), para o local estavam mobilizados, pelas 08:30, 350 operacionais e 102 viaturas.