Mário Nogueira, líder da FENPROF.
Mário Nogueira, líder da FENPROF.Artur Machado / Global Imagens

Fenprof recusa-se a assinar acordo com Ministério da Educação

Líder do sindicato afeto à CGTP critica os sindicatos que assinaram os acordos na tarde desta terça-feira.
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A Fenprof recusou-se esta tarde a assinar o acordo para a recuperação do tempo de serviço dos professores, que fora já assinado por sete sindicatos do setor.

À saída da reunião no Ministério da Educação, o líder do sindctato, afeto à CGTP, Mário Nogueira, criticou as outras organizações sindicais, dizendo que ao terem aceite este acordo "abdicaram da possibilidade da negociação suplementar".

Nogueira anunciou ainda que amanhã, quarta-feira, os professores afetos a este sindicato iriam reunir-se em plenário "virtual" e, a partir do documento acordado com os restantes sindicatos, decidir como proceder para essa seguinte fase negocial.

Antes sequer de entrar para a reunião no ministério, Mário Nogueira já tinha afirmado à comunicação social discordar do acordo conseguido por deixar de fora os professores em fim de carreira, que entretanto no período de transição previsto se aposentarão.

Ministro elogia esforços

Já o ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI) elogiou os esforços mútuos de aproximação.

"É o cumprimento de uma promessa deste Governo num tempo que eu penso que foi muito rápido. Em cerca de um mês, conseguimos, num processo negocial intenso e em que houve, da parte do Governo e dos representantes dos professores, um esforço de aproximação", disse Fernando Alexandre.

Quanto à atitude da Fenprof, o governante afirmou que esta organização sindical "nunca fez parte da solução".

A proposta -- que prevê a recuperação do tempo de serviço a uma média anual de 25% entre 2024 e 2027 -- foi aceite pela Federação Nacional da Educação (FNE), a FENEI, SIPE, FEPECI, SPLIU, SNPL, e SIPPEB.

O Governo tinha iniciado as negociações a propor a contabilização do tempo de serviço a uma média anual de 20%, sendo que a proposta mais recente, apresentada há uma semana, previa a devolução de 50% nos primeiros dois anos, mas mantinha o prazo de cinco anos inicialmente proposto, com a contabilização de 20% em 2026 e de 15% em 2027 e 2028.

"Mostra o esforço do Governo em aproximar-se das reivindicações, daquilo que são as preocupações do setor, mas também encontramos, em muitos sindicatos, essa vontade de resolver um problema que era muito antigo e que trazia uma grande instabilidade às nossas escolas e que, até agora, nenhum Governo tinha demonstrado disponibilidade para resolver", sublinhou o ministro, em declarações no final da terceira reunião negocial - e ainda antes de receber a Fenprof.

A medida vai abranger cerca de 100 mil docentes e, a partir de 2027, quando já tiver sido devolvida a totalidade dos seis anos, seis meses e 23 dias, terá um custo anual para o Estado de 300 milhões de euros, conforme o executivo já tinha estimado.

Apesar das reivindicações dos docentes, o Ministério manteve a posição de que a recuperação do tempo de serviço serviria apenas para efeitos de progressão na carreira, não estando previstos quaisquer mecanismos de compensação para os docentes que já estão no topo da carreira ou que se vão reformar entretanto - o agora cavalo de batalha da Fenprof.

"(A Fenprof) tem uma agenda muito própria e confesso que em muitas discussões, muitas vezes, tenho dúvidas que a educação seja a sua grande preocupação e mesmo os professores", acusou, considerando que a organização sindical levanta sistematicamente obstáculos e que essa é "uma das razões por que muitos dos problemas se arrastam".  

Fernando Alexandre disse ainda que o encerramento do primeiro processo negocial é o "início de um processo". "Para fazer aquilo que é preciso fazer -- e há muito a fazer -- era preciso resolver este problema que há muito deixava muitos professores descontentes", defendeu.

Ao início da tarde, o secretário-geral da FNE já tinha considerado que o acordo alcançado marca "um dia histórico para os professores".

Em representação dos cinco sindicatos que participaram na segunda reunião, em que todos assinaram o acordo, a presidente do SIPE, Júlia Azevedo, sublinhou a "vitória de todos, incluindo a escola pública".

A dirigente sindical realçou ainda que o Governo deu a garantia da recuperação do tempo de serviço em dois anos e dez meses "sem perder um único dia".

Por outro lado, entre as organizações que recusaram a proposta da tutela, o presidente da Pró-Ordem, Filipe do Paulo, a presidente da ASPL, Fátima Ferreira e o presidente do SEPLEU, Pedro Gil, explicaram que não houve entendimento com o Governo.

Em representação de quatro, Filipe do Paulo sublinhou que o ministro "insiste em recusar todo este grupo de professores" e que "é uma falta de vontade política" por parte do ministério, referindo-se àqueles que já estão no topo da carreira.

Por sua vez, o coordenador nacional do Stop, André Pestana, referiu que o sindicato lamenta que "continue a não existir a salvaguarda da recuperação de todo o tempo de serviço", nomeadamente a dos docentes no fim de carreira e os que se encontram entre o 8º e 10º escalão.

"O Stop não abandona, nem esquece, todos esses milhares de docentes", defendeu, adiantando que o sindicato irá pedir a negociação suplementar.

Com Lusa

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