Há cerca de 100 mil alunos sem aulas, dos quais metade são do 1.ª ciclo, segundo as contas da Fenprof.
Há cerca de 100 mil alunos sem aulas, dos quais metade são do 1.ª ciclo, segundo as contas da Fenprof.João Coelho/LUSA

Falta de professores está a criar duas realidades na escola: uma a norte e outra a sul

A denúncia é da Missão Escola Pública, que diz que nas escolas do Norte as aulas são asseguradas por professores profissionalizados e experientes e a Sul por por contratados sem profissionalização.
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A Missão Escola Pública alertou esta sexta-feira, 19 de setembro, para que, a norte do país, o problema dos alunos sem aulas ser resolvido com a contratação de professores profissionalizados e a sul por contratados sem profissionalização.

“A escola pública está a dividir-se em duas realidades”, sublinhou a Missão Escola Publica, após ter analisado como as escolas estavam a tentar resolver a falta de professores, olhando para os dados da 3.ª Reserva de Recrutamento (RR) e das Ofertas de Escola de 12 de setembro.

“A Norte, os alunos têm aulas asseguradas por professores profissionalizados e experientes, colocados pelo concurso nacional. A Sul, a maioria dos horários não encontra resposta e acaba entregue através de contratação de escola a recursos humanos sem formação em ensino e sem qualquer experiência”, concluiu o movimento de professores e alunos após olhar para a análise realizada em colaboração com o professor de matemática Davide Martins.

Para a Missão Escola Pública “a qualidade do ensino começa inevitavelmente a ser colocada em causa”, tendo em conta que na 3.ª RR foram colocados 1.884 professores: 432 docentes de carreira e 1.452 contratados.

 No entanto, a falta de professores de Matemática, Português e Biologia/Geologia continuou por resolver, uma vez que “ninguém foi colocado a sul do Tejo". 

Enquanto decorria a 3.ª RR, também estavam a concurso horários através das Ofertas de Escola: Havia 1.417 horários vazios que correspondem a “cerca de 8.190 turmas sem aulas e a 163.807 alunos sem professor”, segundo as contas do movimento hoje divulgadas.

Entretanto, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) apresentou novas estimativas tendo em conta a 4.º RR entretanto publicada: Há cerca de 100 mil alunos sem aulas, dos quais metade são do 1.ª ciclo, segundo as contas da Fenprof.

Para a Missão Escola Pública o problema dos alunos sem aulas “não se resolve com listas mais rápidas", referindo-se ao anuncio do ministro da Educação de reduzir de uma semana para três dias o intervalo das reservas de recrutamento.

A Missão Escola Pública apela ao ministro da Educação que divulgue o número de contratos celebrados com recursos humanos não profissionalizados e indique em que grupos de recrutamento e em que zonas geográficas estão a ser colocados.

“Só assim será possível avaliar a verdadeira dimensão da desigualdade e agir”, disse, sublinhando que é já sabido que o problema está localizado nas zonas de Lisboa e Península de Setúbal assim como no Algarve.

“A rede pública está a dividir-se entre escolas com professores profissionalizados e escolas de recurso, asseguradas por remendos. Esta realidade compromete de forma grave a equidade no acesso à educação, transformando o local onde se nasce e estuda num fator determinante da qualidade do ensino a que se tem direito”, alertou.

O Ministério da Educação criou o pacote de medidas “Mais Aulas Mais Sucesso” para tentar resolver o problema dos alunos sem aulas, mas os sindicatos consideram as medidas insuficientes.

“Os professores não aparecem por geração espontânea e, não obstante alguns contributos pouco significativos, não é com pequenas medidas de emergência que o problema se encaminha para uma verdadeira resolução. Medidas como a agilização de colocações, o regresso de 90 docentes à lecionação e que estavam em exercício de funções na administração educativa ou outras de escassa eficácia que constam dos sucessivos planos + Aulas + Sucesso, não fazem com que o problema estrutural da falta de professores seja superado”, afirmou a Fenprof.

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