Se as aulas começassem hoje, haveria 121.713 mil alunos sem professor. Os horários pedidos pelos agrupamentos Oferta de Escola passaram de 300 para 865 em menos de 24 horas. Trata-se de horários que não foram ocupados no concurso nacional por falta de candidatos, passando para as Ofertas de Escola. As escolas podem fazer novos pedidos diariamente e, por isso, o número pode variar rapidamente..Esta quinta-feira, o DN deu conta do cenário preocupante de escassez de professores. Há 21 disciplinas já sem docentes disponíveis para lecionar em várias zonas do país. É o caso de Informática, Português, Geografia, Economia e Contabilidade, línguas estrangeiras, Matemática, Física e Química, entre outras. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), admitiu que a situação é mais “complicada” este ano. “Há mais horários a concurso e as coisas estão piores que o ano passado”, alertou na quarta-feira em declarações ao DN..O responsável antevê um início de ano letivo semelhante ao término do anterior, com “falta de professores”. “Vai perdurar a nuvem cinzenta da escassez de professores”, sublinhou. Para fazer face ao problema, mais crítico em Lisboa, Faro, Setúbal e Beja, Filinto Lima diz ser necessário apoio para a deslocação e alojamento de docentes disponíveis para darem aulas a centenas de quilómetros da sua residência..Sindicatos e ME reúnem-se.Os sindicatos de professores reúnem-se esta sexta-feira de manhã com o Ministério da Educação no âmbito do processo negocial para a atribuição de um subsídio para professores deslocados da sua área de residência e a realização de um concurso de vinculação extraordinário (apenas para escolas referenciadas com número elevado de professores em falta)..A reunião terá como ponto de partida a proposta do Governo para a atribuição de um subsídio de deslocação para os professores que estejam colocados em escolas a mais de 70 quilómetros da sua residência habitual..O valor deste subsídio varia entre 75 e 300 euros mensais, dependendo da distância percorrida (quem esteja a 70 quilómetros entre a escola e o domicílio, o valor será de 75 euros e de 300 euros para os docentes a 300 quilómetros das suas residências)..Para Filinto Lima, o acordo deveria prever, obrigatoriamente, um apoio transversal a todos os docentes e não apenas a quem esteja deslocado e a dar aulas em zonas consideradas críticas. “o apoio à deslocação que está, para já, previsto, vai colocar professores contra professores, pois muitos não vão ter esse apoio".."No início, a proposta pareceu-me positiva, mas tem de ser estendida a todos os docentes”, acrescenta. O presidente da ANDAEP também espera a atribuição de um apoio para alojamento e não apenas para a deslocação. “Não há qualquer apoio, para já, para a estadia dos professores. Em Lisboa o preço está pela hora da morte. E sem esses apoios, temo que até dezembro o ministro não consiga atingir o objetivo a que se propôs”, adianta. Filinto Lima alerta para um agravamento da falta de professores caso não haja “apoio efetivo e de fácil candidatura”..“Era bom para a classe docente e também tinha um efeito positivo em relação aos jovens para seguirem a carreira docente. Se esses apoios existissem, dava-se um passo muito importante no combate à escassez de professores”, conclui.