Três pessoas foram detidas no 25 de Abril.
Três pessoas foram detidas no 25 de Abril.Foto: Leonardo Negrão

Extrema-direita no 25 de Abril. Guarda prisional detido pela PSP já foi condenado e continua e trabalhar

João Vaz trabalha no Estabelecimento Prisional (EP) da Carregueira. O DN sabe que esteve de autobaixa entre os dias 27 e 28 de abril e agora está de férias.
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O terceiro detido de extrema-direita nas agressões do 25 de Abril é um guarda prisional já condenado por várias agressões violentas, mas que continua a trabalhar. João Vaz, que pertencia ao grupo de skinheads julgado em 2022 por vários crimes violentos, trabalha atualmente no Estabelecimento Prisional (EP) da Carregueira.

O DN sabe que Vaz esteve de autobaixa entre os dias 27 e 28 de abril e agora está de férias. A informação sobre a identificação do indivíduo foi avançada inicialmente pelo Expresso e confirmada pelo DN junto à fonte da Polícia de Segurança Pública (PSP).

Vaz foi o terceiro detido na manifestação promovida pelo partido Ergue-te e pelo grupo 1143 na passada sexta-feira, em Lisboa. Vaz entrou em confrontos violentos e ficou ferido durante a detenção. Imagens da agência Lusa e dos canais de televisão mostram sangue na testa de Vaz quando foi levado pela PSP.

O DN questionou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) e o Ministério da Justiça sobre a condenação de Vaz e o facto de continuar a trabalhar. O MJ já respondeu ao DN e informa que vai apurar as circunstâncias da condenação.

Uma fonte da área explicou ao DN que, uma vez que a condenação não foi por um crime durante o desempenho das funções, o profissional pode continuar a trabalhar. O jornal também sabe que Vaz é amigo do neo-nazi Mário Machado, terceiro elemento detido naquela tarde. O outro é Rui da Fonseca e Castro, ex-juiz e atual presidente do partido Ergue-te.

O trio foi convocado a comparecer voluntariamente ao Campus da Justiça esta segunda-feira. Entretanto, devido ao apagão, a audição foi adiada sem previsão de nova data.

Antes do apagão, Rui da Fonseca e Castro informou ao MP que não se apresentaria naquela ocasião. A alegação do arguido é de que um dos elementos da PSP que se encontrava a elaborar o expediente" do caso "encontrava-se com uma aparência física e odor incompatíveis com o exercício das suas funções", nomeadamente "o seu cabelo apresentava com um brilho e aparência de gordura, revelando falta de lavagem" e "o seu hálito exalava um forte cheiro a álcool, fazendo suspeitar embriaguez".

A PSP já identificou oito pessoas envolvidas nas agressões daquela tarde do 25 de Abril. Uma delas pertence ao grupo antifascista e outras sete estavam na manifestação do Ergue-te e do 1143.

Entre eles, está um menor de 13 anos, levado até o local por um adulto. Também foi identificado Jorge Bento, o homem que estava infiltrado entre os manifestantes defensores do 25 de Abril. Várias filmagens, inclusive uma realizada pelo DN, mostram que Bento estava a gritar as frases de ordem contrárias ao grupo 1143 e o Ergue-te, quando começou a agredir, pelas costas, os manifestantes, incluindo mulheres.

Este foi o tiro de partida para rixas generalizadas entre os grupos, cujo resultado foi ter deixado dois polícias feridos, além de um repórter de imagem e um cidadão que passava pelo local naquele exato momento. João Bento é uma conhecida figura do 1143 e amigo de Mário Machado.  Nos confrontos, dois polícias ficaram feridos, facto lamentado pela PSP e pelo Governo.

amanda.lima@dn.pt

valentina.marcelino@dn.pt

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Antes do apagão, ex-juiz informou que não se apresentaria. Alegou que PSP estava bêbado e com cabelo sujo
Três pessoas foram detidas no 25 de Abril.
Menor de 13 anos envolvido na violência da extrema-direita

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