Família da grávida que morreu no Amadora-Sintra vai apresentar queixa contra a ministra da Saúde por difamação
JULIO LOBO PIMENTEL

Família da grávida que morreu no Amadora-Sintra vai apresentar queixa contra a ministra da Saúde por difamação

Amiga próxima da família disse que a diretora de Obstetrícia da ULS Amadora-Sintra perguntou como estava a família, mas não deu detalhes sobre o apoio psicológico disponibilizado.
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A família da grávida e do bebé que morreram na sexta-feira no hospital Amadora-Sintra vai apresentar queixa contra a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, por difamação, disse esta terça-feira (4 de novembro) à Lusa uma amiga próxima da família.

Em causa estão afirmações de Ana Paula Martins, que disse na Assembleia da República, na sexta-feira, quando questionada por deputados, que a grávida que morreu, de 36 anos, não tinha tido acompanhamento prévio no hospital.

No domingo, a administração da ULS Amadora-Sintra reconheceu que a grávida que morreu, depois de ter tido alta dias antes, estava a ser acompanhada nos cuidados de saúde primários desde julho.

Nesse dia, em comunicado, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI) revelou que, “devido à inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades […]” só no domingo ao final da tarde foi possível verificar que a utente estava a ser acompanhada desde julho, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Agualva da ULSASI.

A administração daquela ULS realçou que a informação sobre o acompanhamento desde julho foi transmitida à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, no domingo.

Em declarações à SIC e à CMTV, a família da mulher já havia garantido que a gravidez estava a ser acompanhada naquela unidade de saúde.

A ULS Amadora-Sintra explicou, em comunicado, que a grávida de 38 semanas, natural da Guiné-Bissau, deu entrada no serviço de urgência, cerca das 01:50 de sexta-feira, transportada por uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em situação de paragem cardiorrespiratória.

A bebé nasceu de uma cesariana de emergência na Unidade Local de Saúde Amadora/Sintra e morreu no sábado de manhã.

O hospital abriu um inquérito interno às circunstâncias da morte da grávida que esteve no hospital na quarta-feira para uma consulta, em que foi detetada uma situação de hipertensão, anunciou a instituição.

Também a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou um processo de inquérito para avaliar a assistência ULS Amadora-Sintra.

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) anunciou também a abertura de um processo de avaliação com o mesmo objetivo, pelo que os dois organismos vão colaborar “de modo a obter todos os esclarecimentos necessários de forma complementar”.

Disponibilizado apoio psicológico à família

A mesma fonte informou que a Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra disponibilizou apoio psicológico à família.

De acordo com a amiga da família Paloma Mendes, a diretora de Obstetrícia da ULS Amadora-Sintra contactou a família, informando que “se for preciso algum apoio a nível psicológico” podem contar com a ajuda da profissional.

Paloma Mendes acrescentou que a responsável do hospital perguntou como estava a família, mas não deu detalhes sobre o apoio psicológico disponibilizado.

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